Após escândalos, relatório expõe sexismo da polícia de Londres

A polícia metropolitana de Londres, capital da Inglaterra, está na mira de críticas por parte da população do país nos últimos tempos e, como resultado desse cenário, a instituição passou por uma investigação oficial. 

O relatório resultante, que foi publicado nesta terça-feira, 21, possui nada menos que 363 páginas, revelando uma série de dados preocupantes a respeito do órgão.

Conforme repercutido pela CNN, o documento aponta falhas dos agentes de segurança não apenas em sua reação aos casos de violência de gênero na sociedade, mas também dentro do próprio departamento policial: 

A entidade não protegeu suas funcionárias ou membros do público de perpetradores policiais de violência doméstica, nem daqueles que abusam de sua posição para fins sexuais [...] Apesar da entidade dizer que a violência contra mulheres e meninas é uma prioridade, ela tem sido tratada de forma diferente da 'violência grave'. Na prática, isso significa que não foi levado tão a sério em termos de recursos e priorização", diz o relatório. 

Problemas 

Ainda segundo a investigação, um dos problemas encontrados seria o mau armazenamento de "kits de estupro", que reúne ferramentas destinadas à identificação do crime quando a vítima procura as autoridades para denunciar uma agressão sexual. Esses utensílios seriam mantidos em geladeiras quebradas ou superlotadas, onde a falta de organização contribuiria para uma espera excessiva até que fossem processados. 

Entrevistas com mulheres que trabalham dentro da entidade teriam revelado também uma grande quantidade de experiências de assédio e abuso sexual, tudo isso sem que os policiais responsáveis fossem punidos. 

Para piorar a situação, o relatório descobriu uma falta de diversidade na força policial, constatando que 82% dos agentes de segurança eram brancos e 71% eram homens. Outro detalhe preocupante seria a existência de uma "cultura de intimidação", com quase um quarto dos oficiais entrevistados, tanto homens quanto mulheres, afirmando já ter sofrido bullying de colegas e superiores. 

Escândalos anteriores 

Vale mencionar que, como informou a CNN, a elaboração deste documento foi motivada por uma generalizada crise de falta de confiança na polícia por parte da população britânica. 

Um dos fatores que contribuiu para isso seriam escândalos sexuais envolvendo oficiais. Foi o caso, por exemplo, de Wayne Couzens que, em 2021, foi condenado por sequestrar, estuprar e assassinar uma mulher de 33 anos. 

E, pouco depois dessa prisão, um outro agente de segurança também teria acabado atrás das grades — David Carrick, que confessou em tribunal ter cometido agressões sexuais contra uma série de mulheres durante quase duas décadas.