Paciente diagnosticado com câncer de próstata, também desenvolveu a Síndrome do Sotaque Estrangeiro; este é o primeiro caso relacionado das duas enfermidades
Fabio Previdelli Publicado em 13/02/2023, às 12h43
Nos Estados Unidos, um homem na casa dos 50 anos, que não teve sua identidade revelada, teve uma forma rara de câncer de próstata. A enfermidade, porém, veio com um efeito colateral ainda mais raro: um sotaque irlandês.
Segundo um estudo publicado recentemente no BMJ Case Reports, um sujeito desenvolveu um “sotaque irlandês” quase dois anos após ser diagnosticado com câncer. O mais curioso disso tudo é que ele nunca esteve na Irlanda.
A estranha condição, porém, é conhecida como Síndrome do Sotaque Estrangeiro (SSE). Embora não seja nenhuma ‘novidade’, este é apenas o terceiro caso da condição associada ao câncer, e o primeiro registro no que diz respeito ao câncer de próstata.
Importante ressaltar, todavia, que a SSE é uma disfunção neurológica que altera os padrões de fala — muitas vezes como resultado de um acidente vascular cerebral (AVC) ou uma lesão cerebral traumática.
Entretanto, desta vez, o caso foi completamente diferente. Segundo o estudo, o paciente, de cerca de 50 anos, que vinha lidando com câncer de próstata metastático há cerca de dois anos, desenvolveu de repente “um ‘sotaque incontrolável de irlandês', apesar de não ter origem irlandesa”.
Ele não apresentava anormalidades no exame neurológico, histórico psiquiátrico ou ressonância magnética das anormalidades cerebrais no início dos sintomas”, aponta o relatório.
“A imagem revelou a progressão de seu câncer de próstata, apesar dos níveis indetectáveis de antígeno específico da próstata. A biópsia confirmou a transformação para câncer de próstata de pequenas células (CPPC)”, continua o estudo.
Esta variante é altamente agressiva e frequentemente fatal. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, pacientes diagnosticados com a enfermidade possuem uma média de sobrevida de 10 meses. A doença também representa cerca de 1% de todos os cânceres de próstata relatados no mundo.
Voltando ao estudo, os médicos acreditam que o paciente desenvolveu a SSE como resultado de um distúrbio neurológico paraneoplásico subjacente — ou seja, um dano cerebral causado pelo sistema imunológico do corpo respondendo ao câncer em outro lugar do corpo.
Basicamente, ao tentar combater o câncer, seu sistema imunológico causou danos ao cérebro, o que o levou a falar com um sotaque que soava irlandês.
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