Homem segura bandeira da palestina durante protesto em Jerusalém - Getty Images
Al-Nakba

Al-Nakba: O exôdo em massa de palestinos que está no cerne do conflito com Israel

Episódio que ficou conhecido como "a catástrofe" mudaria o destino da população palestina

Giovanna Gomes Publicado em 09/10/2023, às 18h34

Os dias 14 e 15 de maio de 1948 marcaram profundamente a história de Israel e da Palestina, sendo lembrados todos os anos desde então.

Enquanto a primeira dessas datas marca a fundação do Estado de Israel e representa uma realização para os judeus após o Holocausto, a segunda é lembrada pelos palestinos como o início de um grande êxodo que está no cerne do conflito de décadas com Israel. O evento é conhecido como "Al-Nakba", que significa "a catástrofe" em árabe.

Como destaca uma matéria do portal BBC News, poucou tempo depois da declaração de independência de Israel, que finalizou o mandato britânico na Palestina — estabelecido em 1923 pela Liga das Nações para coordenar a divisão das terras na região — tropas de países árabes iniciaram uma ofensiva contra o novo Estado.

É importante destacar que, quando a administração britânica se encerrou em 15 de maio de 1948, não havia uma direção clara em relação à possível criação de um estado palestino.

Resposta de Israel

Israel, então, respondeu aos ataques com forças militares recém-formadas e recebeu apoio de voluntários internacionais conhecidos como Machal. O conflito resultou no deslocamento de aproximadamente 700 mil palestinos durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense. A causa e o número exato de palestinos deslocados, no entanto, são fonte de debate contínuo entre as partes envolvidas.

David Ben-Gurion durante a Declaração de Independência do Estado de Israel / Crédito: Wikimedia Commons / Rudi Weissenstein

 

Os palestinos alegam inúmeras expulsões. Eles também dizem que muitos foram impedidos de voltar. Por sua vez, Israel defende que não adotou uma política de expulsões, embora reconheça casos isolados atribuídos a ações individuais de agentes estatais ou paramilitares.

Em dezembro de 1948, a ONU emitiu a Resolução 194, que permitia o retorno de todos os refugiados palestinos que desejassem voltar e propunha o pagamento de indenizações aos que optassem por não fazê-lo.

Aumento do território 

Após a vitória de Israel na guerra de junho de 1949, houve um aumento do território sob domínio israelense em relação às fronteiras iniciais da partilha. Na época, a cidade de Jerusalém foi dividida: sua parte ocidental ficou sob controle de Israel e a parte oriental passou a ser administrada pela Jordânia, um dos países vizinhos que participou da guerra.

Conflitos contínuos e crescentes tensões entre árabes e judeus na região resultaram em um grande êxodo de palestinos para países árabes vizinhos após a nakba (a catástrofe). 

Como resultado, o número de palestinos que vivem como refugiados aumentou para cerca de 5 milhões, de acordo com a ONU. Yasser Arafat, então presidente da Autoridade Nacional Palestina, cravou o Dia da Nakba no calendário palestino em 1998.

Homem palestino em campo de refugiados do Nakba; à direita, bandeira de Israel erguida por soldados após a vitória na guerra árabe-israelense de 1948 / Crédito: Wikimedia Commons/Desconhecido e Wikimedia Commons/Micha Perry

 

Na antiguidade

O nome Palestina foi originado a partir dos romanos. Eles ocuparam a região um longo tempo, desde cerca de 63 a.C. até o século 4 d.C. Após reações diante da ocupação, judeus foram expulsos de suas terras pelos romanos por volta de 70 d.C.

Posteriormente, no século 7 d.C., a região foi conquistada pelos árabes com o surgimento do Islã, e, durante as Cruzadas, viu-se envolvida em confrontos entre forças árabes e cristãs europeias, ambas buscando o controle da Terra Santa.

A partir de 1516, a Palestina passaria a fazer parte do Império Otomano, que durou até a Primeira Guerra Mundial. Após o conflito, a região foi ocupada por franceses e britânicos, que redefiniram as fronteiras com países vizinhos.

Presença do Reino Unido

No início dos anos 1920, a Palestina passou formalmente para o controle do Reino Unido, e com o apoio britânico, judeus tiveram a possibilidade voltar à região da Terra Santa. Para se ter ideia, até 1948 Jerusalém era a capital do Mandato Britânico da Palestina.

Em setembro de 1947, a Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina defendeu a criação de um Estado judeu no Oriente Médio com base em argumentos religiosos, históricos e na Declaração de Balfour de 1917, que expressou o apoio britânico a um "lar nacional" para os judeus na Palestina.

O Domo da Rocha, em Jerusalém / Crédito: Wikimedia Commons / Israeltourism

 

Já em 29 de novembro, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução indicando a partilha da Palestina com o intuito de substituir o Mandato Britânico. Assim, em 1956, Israel, com o apoio de França e Inglaterra, declarou guerra ao Egito durante um conflito relacionado à nacionalização do Canal de Suez e ao fechamento do porto de Eilat no Mar Vermelho por Gamal Abdel Nasser, então presidente egípcio.

Surge o Al Fatah

Nesse período, surgiu o Al Fatah, o Movimento para a Libertação Nacional da Palestina, um importante grupo político-militar palestino co-fundado por Yasser Arafat, que posteriormente lideraria a Autoridade Palestina.

Em junho de 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias. Israel enfrentou forças sírias, egípcias e jordanianas e saiu vitorioso. Após essa vitória, Israel assumiu o controle de Jerusalém Oriental e começou a construir assentamentos para colonos na região.

A ONU estabeleceu vários campos de refugiados na época nos países vizinhos, incluindo Jerusalém Oriental. No entanto, desde então, os conflitos na região se intensificaram, como vemos agora. 

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