Sexta e última temporada de 'The Crown' narrou um dos momentos mais conturbados da Família Real Britânica; mas tudo retratado é verdade? Confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/11/2023, às 16h19 - Atualizado em 21/11/2023, às 18h00
Na última semana, chegou à Netflix os quatro primeiros episódios da sexta e última temporada de 'The Crown'. A série teve sua estreia em 2016, se propondo a narrar alguns dos acontecimentos mais marcantes da história da realeza britânica, a partir da vida da finada rainha Elizabeth II, que assumiu o trono em meados da década de 1940.
A nova temporada, dividida em duas partes — a segunda com estreia prevista para 14 de dezembro, com seis episódios —, abordará um dos momentos mais conturbados da história recente da família real britânica: a morte da princesa Diana.
Se tratando de uma produção, cujos produtores contam, inclusive, com certa liberdade criativa, a série não se isenta de contar com alguns detalhes que, para auxiliar na narrativa, apresentam pequenas imprecisões históricas — e com a trama se aproximando de acontecimentos e figuras atuais, a curiosidade fica ainda mais atiçada.
A primeira parte ocorre ainda no verão de 1997, quando é apresentada a construção do relacionamento entre Charles (Dominic West) e Camilla Parker Bowles (Olivia Williams) — com quem é casado hoje, sendo esta rainha consorte —, ao mesmo tempo que Diana (Elizabeth Debicki) inicia um romance com o produtor de cinema Dodi Fayed (Khalid Abdalla), bem como a morte da dupla após um acidente de carro em Paris.
Pensando nisso, confira a seguir o que é fato ou ficção na última temporada de 'The Crown':
Logo no primeiro episódio, intitulado "Persona non grata", vemos Diana e William, seu filho mais velho, durante uma visita ao então primeiro-ministro Tony Blair e sua esposa, Cherie.
Enquanto recorda a conversa com Elizabeth II, Tony diz que sentia que a princesa "ainda tinha muito a oferecer ao país como funcionária pública". Ele também afirma que ela teria perguntado se havia alguma maneira de trabalhar com o governo, que qualquer "papel oficial" seria apreciado.
Na vida real, após a morte de Diana, foi confirmado que a princesa visitou o premiê algumas semanas antes com o filho, ao passo que eles teriam discutido sobre um papel especial para ela como “embaixadora” estrangeira da Grã-Bretanha, repercute o Independent.
Na época, também, Diana teria dito a um jornalista que o primeiro-ministro havia reconhecido suas capacidades, e, inclusive, pedido para realizar "missões" em outros países pelos britânicos.
Em 'The Crown', Charles revela sentir bastante frustração por grande parte do público, que adorava Diana, demonizar Camilla. Em uma cena, ele pergunta à mãe se ela recebeu o convite para o aniversário de 50 anos da companheira, o que ela confirma, mas diz que não poderia comparecer, pois, estaria em Derbyshire. Depois, ela diz ao marido, o príncipe Philip, que não quer que Camilla seja considerada "má, pois não é".
Na verdade, demorou um pouco para que Elizabeth e Camilla se aproximassem, e a rainha teria relutado em aceitar o pedido de Charles para ser mais gentil com ela. Segundo o Independent, ela até mesmo se referiu a Camilla como "aquela mulher perversa" na frente de Charles.
Eventualmente, as duas se aproximaram, e em 2005 foi anunciado que a nova esposa de Charles se tornaria princesa consorte — porém, poucos meses após a morte de Elizabeth, um anúncio mudou isso para rainha consorte.
Quando Dodi Fayed, aquele que morreu como namorado de Diana, foi apresentado em 'The Crown', ele estava em Paris acompanhado por uma mulher de cabelo loiro curto, com quem ele diz que se casaria em três semanas. Posteriormente, porém, ele conheceria a ex-princesa do Reino Unido, e deixaria sua noiva para trás.
Esse enredo, por sua vez, se aproxima bastante dos eventos narrados pela modelo Kelly Fisher, que afirmou ser noiva de Dodi na época em que ele conheceu Diana. Conforme ela contou em entrevistas posteriores, o homem havia proposto-a em casamento e prometera-lhe comprar uma casa em Malibu, mas ele teria desistido.
"Dodi não é um grande amante. Ele não sabe como agradar a uma mulher", disse a modelo ao The Sun em 1997. "Em vários pontos do nosso relacionamento tentei dar dicas sutis de como fazer nossa vida amorosa mais satisfatória. Mas ele não parecia estar interessado. Nossa relação não estava baseada em sexo. Eu o amava por sua personalidade e sua bondade".
Na série, quando Dodi Fayed e Diana decidem passar um tempo juntos em um iate na França, fotógrafos rondam a ex-princesa constantemente. Quando William diz não querer sair até que os fotógrafos os deixassem em paz, ela pega um barco, vai até eles e diz "estamos nos divertindo muito, fora uma coisinha: vocês", e pede que os deixem em paz — e que, se o fizessem, depois teriam uma surpresa: ela posando com um maiô.
Tina Brown, ex-editora da Vanity Fair — e autora do polêmico livro 'The Diana Chronicles', uma biografia de Diana — afirma, segundo o Independent, que Diana avisava costumeiramente a imprensa e "não resistia em dar-lhes as imagens que queriam".
Além disso, Daniel Pirrie, o primeiro fotógrafo a registrar o beijo entre a princesa e Fayed, contou, em 2013, ao Daily Mail que a princesa o avisou de onde e quando estaria no verão em que a foto foi feita. Assim, a frase da série não é tão distante do que acontecia na realidade.
No terceiro episódio da sexta temporada de 'The Crown', ocorre a trágica morte de Diana e Fayed em um acidente de carro em Paris. Além disso, antes do evento que marcaria para sempre a família real britânica, o homem teria pedido-a em casamento.
No entanto, Dodi não teria feito o pedido naquela mesma noite. Em vez disso, um inquérito descobriu que ele havia comprado um anel de noivado na tarde que antecedeu o acidente, que, provavelmente, foi entregue no apartamento do cineasta — ou seja, possivelmente o pedido de casamento seria feito na noite em que aconteceu a tragédia.
Após descobrir a morte da mãe, William (interpretado por Rufus Kampa), que estava na residência real de Balmoral, na Escócia, fica instantaneamente com o coração partido e, irritado com a resposta da família em relação à tragédia, desaparece. Ele é procurado incessantemente, mas não encontrado, até que, depois, volta para casa por conta própria, encharcado.
+ The Crown: Por que Charles foi interrogado após a trágica morte da princesa Diana?
De fato, William (e Harry) estavam em Balmoral quando descobriram a morte da mãe, mas nunca foi mencionado se um dos garotos desapareceu realmente por um tempo após a descoberta.
Durante uma entrevista em 2021, William recordou da experiência como um dos momentos mais tristes de sua vida, e que encontrou "refúgio no serviço religioso em Crathie Kirk naquela mesma manhã [...], no ar livre escocês", o que explica sua forte relação com a Escócia.
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