Dom Pedro I - Wikimedia Commons
Monarquia

Por que o coração de Dom Pedro I foi separado do corpo?

Os últimos dias de vida do soberano foram marcados por luto e guerra — e por uma vontade inusitada

Vanessa Centamori Publicado em 13/08/2020, às 12h35 - Atualizado em 07/05/2022, às 12h52

Nos 200 anos da comemoração da Independência do Brasil, o país quer contar com um item inusitado, conforme repercutido pela Folha de S.P neste sábado, 7: o empréstimo do coração de Dom Pedro I, atualmente preservado em uma igreja localizada em Porto, Portugal. 

Dom Pedro I é conhecido como a figura ilustre que realizou a Independência, em 7 de setembro de 1822. Desde o início não tão glorioso, depois dos seus quase 9 anos de império. Por conta própria, o imperador então abdicou ao trono, em abril de 1831.

Aqueles tempos definitivamente não foram fáceis para o soberano: passou seus dias finais vivendo o luto e batalhas. Após a morte, seu coração foi separado do resto do corpo — uma vontade fúnebre e inusitada do imperador. Mas, afinal, por que isso aconteceu?

Dom Pedro I / Crédito: Domínio Público 

 

Fim da vida 

Vamos começar contextualizando os últimos dias do monarca. D. Pedro I teve que deixar tudo para trás e se mudar para a Europa em 7 de abril de 1831, em uma longa viagem, na companhia da segunda esposa, Dona Amélia. 

Novamente, não encontrou grande apoio dos europeus, mesmo após tentar encontrar aliados na França e no Reino Unido. Como resultado, reivindicou seu título de Duque de Bragança — nome para o qual nem se quer era mais herdeiro direto. 

Após o nascimento da filha dele, D. Maria Amélia, Pedro se viu tendo que deixar a esposa e a criança para lutar na Guerra Civil Portuguesa, em 1832. Em 9 de julho, entrou na cidade do Porto e liderou um grupo liberal. 

Por estar em inferioridade numérica, o exército do ex-imperador não tinha grandes vantagens. Sem muitos sucessos, D.Pedro I teve que assinar uma aliança com exércitos espanhóis e, depois, um tratado de paz em 26 de maio de 1834.

Entretanto, nessa altura, a guerra já havia o minado demais. Sua saúde decaiu e, com imunidade baixa, o líder político contraiu tuberculose. Morreu em decorrência da doença em 1834.

Quadro de José Joaquim Rodrigues Primavera mostra Dom Pedro I no leito de morte, em 1834 / Crédito: Wikimedia Commons 

 

Última vontade

O que poucos sabem é que D.Pedro I deixou em seu testamento, logo antes de morrer, que queria que seu coração permanecesse na cidade do Porto, conforme repercutido pelo Jornal Opção em reportagem de 2019. 

Foi justamente em Porto que o português viveu por 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833). E lá foi o palco da disputa que ele teve com seu irmão Dom Miguel I, travada no conflito. Então, essa ligação afetiva entre seus últimos dias e o cenário bélico geraram em Pedro o desejo de deixar uma parte dele, que estava ligada à cidade portuguesa — literalmente, o seu coração. 

Em 1972, as demais partes dos restos mortais de D.Pedro I foram levadas ao Brasil, e estão no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Mais precisamente, na cripta do Monumento à Independência.

Já o órgão que bombeia o sangue, como sabemos, está bem mais longe: repousa dentro de um recipiente de vidro, na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Porto. 

Não dá para dizer que o coração está guardado a sete chaves, pois são, na verdade, cinco — a primeira abre uma placa de metal; a segunda e a terceira movimentam uma rede; a quarta, mexe uma urna; e a quinta, desloca uma caixa de madeira.

Dom Pedro I família imperial Leopoldina coração Restos Mortais Amazon

Leia também

Irmãos Menendez: compare o elenco da série com as pessoas reais


Relembre a ligação entre familiar de ex-executivo da OceanGate e vítimas do Titanic


O dia em que Keanu Reeves participou do casamento de desconhecidos


Irmãos Menendez: Veja 5 momentos chocantes do julgamento de Lyle e Erik


Irmãos Menendez: O familiar que acreditava na versão contada por Lyle e Erik


Titanic: Veja 5 mitos sobre o naufrágio mais famoso da História