Judy recebendo a Medalha PDSA Dickin - Getty Images
Segunda Guerra Mundial

Judy: Conheça a cachorra que sobreviveu a naufrágio e virou prisioneira de guerra

Em meio aos horrores da Segunda Guerra, uma cadela chamada Judy foi uma grande heroína e condecorada junto a soldados britânicos que retornaram com vida

Éric Moreira Publicado em 17/09/2024, às 10h00

Ocorrida entre 1939 e 1945, a Segunda Guerra Mundial foi o conflito militar mais mortal de toda a história, levando à morte um total que varia de 70 a 85 milhões de pessoas. Felizmente, o conflito eventualmente encontrou seu fim, e muitos soldados de ambos os lados ainda puderam retornar para casa.

Entre os sobreviventes britânicos, uma figura em especial se destacou por razões óbvias, mas também bastante louváveis: a cadela Judy. Da raça pointer, ela nasceu em Xangai, na China, e foi adotada por soldados britânicos, tornando-se inclusive no mascote de uma embarcação da Marinha Real Britânica.

Até hoje, é comum encontrar cachorros entre os soldados de todo o mundo, atuando como farejadores, sentinelas e até mesmo companheiros. Porém, além de fazer companhia, dar leveza ao navio e alertar sobre a aproximação de inimigos, Judy teve demonstrações de braveza ainda mais impressionantes, que eventualmente lhe renderam uma medalha em sua honra.

Cadela Judy durante condecoração / Crédito: Getty Images

 

Sobrevivência

Em dado momento, o navio em que Judy estava foi atacado por japoneses, afundando no processo. Felizmente, Judy e algumas dezenas de parceiros humanos sobreviveram ao ataque, e conseguiram alcançar uma ilha deserta no mar chinês — onde, somente graças à cadela, os soldados puderam encontrar a água doce que lhes garantiria a vida.

Eventualmente, o grupo acabou sendo encontrado por japoneses, que os fizeram prisioneiros; e, também como prisioneira, foi levada Judy. Contrariando qualquer expectativa, a cadela foi levada à detenção na Indonésia, sendo assim o único animal feito prisioneiro durante toda a Segunda Guerra Mundial, sob o registro 81A-Medan.

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Frank Williams e Judy em fotografia de 1946 / Crédito: Getty Images

 

Para não abandonar Judy, os militares costumavam escondê-la em sacos de arroz quando eram transportados, conforme repercute Rodrigo Casarin ao Página Cinco, do UOL.

"Fiquei surpreso que um cão pudesse ter sobrevivido a tudo isso. Essa Judy sobreviveu ao inferno que era aquele lugar — foi incrível. Especialmente aos guardas coreanos dos campos — que costumavam comer cachorro. E tinham o poder de vida e morte sobre todos nós", conta um sobrevivente da guerra entrevistado pelo jornalista britânico Damien Lewis no livro 'Judy - A História Real da Cadela que Virou Heroína na Segunda Guerra Mundial', que conta a história da cachorrinha.

Isso deve fazê-lo perguntar como conseguimos tamanha façanha — a de manter uma cadela como Judy. É parte do aspecto extraordinário da sua história", conclui.

Companheira perdida

Em uma das viagens em que era transportada em segredo, o navio em que os soldados ingleses estavam foi mais uma vez atacado; e dessa vez, para que a cadela tivesse alguma chance de sobrevivência, precisaram jogá-la ao mar. Após isso, o grupo de soldados foi levado até Sumatra, na Indonésia, onde trabalharam na construção do que ficou conhecida como Ferrovia do Inferno.

E para a surpresa de todos, meses depois a cadela ressurgiu, e reencontrou seus companheiros no campo de batalha. Desde então, Judy não se separou mais do grupo, até que, finalmente, foi "dispensada" e viajou rumo à Inglaterra.

Heroína de guerra

Nas terras da realeza, Judy foi recebida com grande festa, tendo até mesmo seu latido transmitido por rádios. E em maio de 1946, foi condecorada com a Medalha Dickin, destinada justamente aos animais que serviram na guerra.

Filhotes de Judy (e a cadela ao lado, sendo possível ver apenas as patas) / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons
Túmulo de Judy na Tanzânia / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Desde então, ela passou o resto de sua vida juntamente ao soldado Frank Williams, com quem esteve mais próxima nos longos dias nos mares, prisões e campos de trabalhos forçados. Ela até mesmo teve uma ninhada de filhotes em sua nova fase da vida, até que, infelizmente, em 1950 ela precisou ser sacrificada por conta de um tumor, quando tinha 13 anos, na Tanzânia, onde é possível ainda hoje visitar seu túmulo.

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