Símbolo nazista - Getty Images
Nazismo

Como os nazistas se apropriaram da suástica

Em sentido horário ou anti-horário, não faz diferença. Antes deles corromperem seu sentido, elas estavam em todo o lugar

Mário Araújo Publicado em 01/01/2019, às 08h00 - Atualizado em 11/10/2022, às 09h45

Símbolo místico de várias culturas ao redor do planeta, a suástica – ou cruz gamada, como também é conhecida – apareceu pela primeira vez na história no período Neolítico na Eurásia, há pelo menos 4 mil anos.

Através dos séculos, historiadores encontraram a figura em cerâmicas e moedas de culturas remotas, de tribos pré-colombianas até a Índia. Ela representava desde amuletos de sorte a simples ideogramas decorativos. Como apareceu em diversas culturas que não tiveram contato umas com as outras, seus sentidos são os mais variados.

Na maioria das vezes, está relacionada a forças da natureza ou deuses mitológicos. Seu nome tem uma conotação positiva. Vem do sânscrito: su significa “bem” e asti, “estar”. Cada ponta representa um purushartha, um aspecto de uma vida bem vivida: prosperidade, prazer, religião e iluminação.

Num templo em Ubud, Indonésia / Crédito: Divulgação

 

Ambas as orientações, horário e anti-horário, são usadas por diferentes escolas hindus e budistas

Antes, no ocidente, era conhecida pelo termo grego gammadion. Era um elemento de decoração com uma vaga associação a redemoinhos, nada muito formal. Foi bastante usado em Roma também.

Cântaro grego decorado com suásticas /Crédito: Wikimedia Commons

 

Quando os nazistas se apropriaram do símbolo, em 1933, ele havia se tornado bastante popular no Ocidente, usado em medalhas, insígnias, decoração e logotipos de empresas. Adotada pelo Partido Nacional-Socialista de Hitler em 1920, a figura passou a integrar a bandeira nazista.

“Como nacional-socialistas, vemos em nossa bandeira nosso programa. No vermelho, a idéia social do movimento; no branco, a idéia nacionalista, e na suástica, a missão de lutar pela vitória do homem ariano, e ao mesmo tempo pelo triunfo da idéia do trabalho produtivo, idéia que é e será sempre anti-semita”, escreveu Adolf Hitler no livro Minha Luta.

Isso de ariano tem a ver com a Índia, ainda que a relação seja falsa. Os arianos foram um povo saído do Cáucaso que colonizou a Europa e a Ásia há 6 mil anos - na Índia, fundaram a civilização de Harappa e o hinduísmo védico, já usando suásticas. Hitler achava que eram os brancos originais e mais perfeitos, e que sua genética foi integralmente preservada entre os nórdicos, o que não tem nenhum fundamento científico.

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