Escritora Olga Lengyel revela as atrocidades a qual foi submetida e como perdeu seus familiares durante o Terceiro Reich
Thiago Lincolins Publicado em 27/04/2020, às 20h00 - Atualizado em 27/01/2022, às 10h28
Arbeit machr frei (O trabalho liberta, em tradução livre). Era essa a inscrição na entrada do maior campo de concentração nazista. Erguido em 1940 nos subúrbios da cidade de Oswiecim, na Polônia, ele tinha três partes: Auschwitz I, a mais antiga; Auschwitz II-Birkenau, que reunia o aparato de extermínio; e Auschwitz III-Buna, com cerca de 40 subcampos de trabalho forçado.
As primeiras vítimas do nazismo foram poloneses, seguidos de soviéticos, ciganos e prisioneiros de guerra. Em 1942, o campo voltou-se para a destruição em massa dos judeus. Lá, cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram a maioria em câmaras de gás. Em Auschwitz, os presos eram obrigados a usar insígnias nos uniformes conforme a categoria — “motivo político” era um triângulo vermelho; “homossexual”, um rosa. Muitos foram usados em experimentos médicos.
Entre as vítimas estava Olga Lengyel. Uma judia que vivia com o marido e os seus filhos na cidade de Cluj, capital da Transilvânia. Ao ouvirem relatos sobre as atrocidades cometidas pelos nazistas em terras ocupadas, não acreditaram que isso poderia se tornar um pesadelo real.
Em 1944, o seu marido, que era médico, seria deportado para Alemanha. Ela acreditava que o companheiro seria enviado para suprir a falta de médicos, e assim optou por segui-lo com os filhos. Contudo, era uma emboscada. O destino final da família seria Auschwitz. No local, Olga perdeu a sua família. Entretanto, sobreviveu para contar a sua trajetória.
Publicado pela primeira vez no Brasil, em 2018, pela Editora Crítica, Os Fornos de Hitler, apresenta um dos primeiros relatos sobre o horror dos campos de extermínio nazistas. “As pessoas devem se unir em momentos de perigo. Colocar em risco um grupo significa colocar em risco todos nós”, afirma a autora. “Memórias não servem apenas para nos lembrarmos do que aconteceu. Elas guiam nossas ações no futuro.”
Com uma narrativa emocionante e crua, Lengyel detalha como era a vida em Auschwitz e o horror cometido pelos nazistas. Confira um trecho:
(...) Os alemães deixavam vivos alguns milhares de deportados de cada vez, mas apenas para facilitar o extermínio de milhões de outros. Faziam tais vítimas executar seu trabalho sujo. Elas faziam parte do sonderkommando. Trezentas ou quatrocentas serviam em cada forno do crematório. Seu dever consistia em empurrar os condenados para dentro das câmaras de gás e, depois que o assassinato em massa tivesse sido cometido, abrir as portas e transportar os cadáveres.
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