Aquele que não se manifesta contra uma atitude concorda com ela. Desde o século 13, esse é o significado da máxima popular quem cala consente
Izabel Duva Rapoport Publicado em 17/11/2019, às 08h00
Presente em várias línguas, como o inglês (silence gives consent) e o espanhol (quien calla otorga), a expressão foi cunhada por Bonifácio VIII, papa entre 1294 e 1303, em uma de suas decretais.
As decretais eram as cartas oficiais dos papas medievais em resposta a consultas populares sobre questões jurídicas e morais. “O que o líder do clero decidia acabava virando lei”, afirma Ricardo da Costa, historiador e professor da Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade de Alicante, na Espanha. “Essa era uma das formas de o direito canônico combater as leis orais, baseadas em tradições e superstições”, explica ele.
Por causa de suas bulas e decretais, Bonifácio VIII foi sequestrado na Itália e morto a mando de Filipe IV, o Belo. O rei da França não concordava com as ideias de Bonifácio, que isentou a Igreja de impostos e declarou o poder dos papas superior ao dos reis.
Bonifácio VIII, aliás, ficou conhecido como o papa ateu que queria dominar o mundo. Além de declarar o poder absoluto do pontífice sobre todos os outros governantes, Bonifácio, com seu exército, saqueou e queimou a cidade italiana de Palestrina em 1298, matando 6 mil pessoas. Foi deposto militarmente pelos franceses. E curiosamente, para quem queria o papa Bonifácio VIII como imperador do mundo, parece que ele não acreditava em Deus.
Segundo o historiador britânico John McCabe, ele teria afirmado diante de bispos, arcebispos e o rei: “Nunca existiu Jesus, e a hóstia é só água e farinha. Maria não era mais virgem que minha própria mãe, e não existe mais problema em adultério que em esfregar uma mão na outra”.
Após sua morte na prisão, foi sucedido por Bento IX. E logo, logo, em 1305, assumia um novo papa, Clemente V, que transferiu a sede do papado de Roma para a cidade provençal de Avignon. Com a queda de Bonifácio VIII, a Igreja teve de se calar e consentir a retomada de poder da monarquia.
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