Apenas em 2018, foram descobertas partes escondidas dos relatos da adolescente vítima do Holocausto
Letícia Yazbek Publicado em 13/03/2020, às 10h00
Em 2018 pesquisadores da Fundação Anne Frank, em Amsterdã, revelaram o conteúdo de páginas descobertas de seu primeiro diário (que terminou em novembro de 1942 — o resto foi feito em cadernos).
Por meio de um processo fotográfico digital, eles reconstruíram as páginas 78 e 79, que foram cobertas com papel kraft (espécie de papelão fino), colado pela própria Anne, para que não fossem lidas. O papel escondia piadas maliciosas e descobertas sexuais.
Segundo Frank van Vree, diretor do Instituto de Estudos da Guerra, Holocausto e Genocídio da Holanda, “qualquer pessoa que ler as passagens recém-descobertas será incapaz de evitar um sorriso”.
Na primeira página, Anne anuncia que fará piadas obscenas: “Você sabe por que há garotas nas Forças Armadas alemãs na Holanda? Para servir de colchão para os soldados”. Outra envolve um homem que teme que sua esposa o esteja traindo. Ele revista a casa e, então, encontra um homem nu no armário. Quando pergunta ao homem o que ele está fazendo lá, ele responde: “Acredite ou não, estou esperando o bonde”.
Para Frank van Vree, essas piadas mostram que, apesar de sua situação, Anne tinha a curiosidade e os questionamentos de qualquer garota de sua idade.
Em outra parte secreta, Anne analisa a chegada dos 14 anos e o que a primeira menstruação significava para as adolescentes: “É sinal de que uma menina está pronta para ter relações com um homem. Mas isso não se faz antes do casamento. Depois, sim. Também pode decidir se deseja ter filhos ou não. Se a resposta for sim, o homem se deita sobre a mulher e deixa sua semente na vagina dela. Tudo acontece com movimentos ritmados”. Ela também comenta: “o homem gosta dessas relações e as deseja. A mulher também gosta, mas um pouco menos”.
Com simplicidade e ingenuidade, Anne também fala sobre prostituição e homossexualidade: “Se os homens são normais, vão com mulheres. Na rua, há mulheres que falam com eles e então eles vão embora juntos. Em Paris, existem casas muito grandes para isso. Papai esteve lá. Mas o tio Walter não é normal”.
Anne escreveu as páginas em 28 de setembro de 1942, aos 13 anos, quando estava escondida dos nazistas com sua família e outros quatro judeus. Eles viveram em um apertado quarto secreto acima de um armazém, em Amsterdã, de julho de 1942 a agosto de 1944, quando foram traídos e presos pelos nazistas. Otto Frank, pai de Anne, foi o único da família a sobreviver ao Holocausto. Anne, a mãe e a irmã morreram nos campos de concentração, em 1945.
O conteúdo sexual dos diários de Anne Frank não é uma novidade por si só. Ele também aparece em partes já conhecidas do diário, que foram censuradas em algumas versões.
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