Mania pseudocientífica do início do século 20, prometendo energia, rejuvenescimento e até mesmo a cura do câncer, deixou sequelas ainda hoje sentidas
Redação Publicado em 31/08/2019, às 08h00
A radiação foi descoberta em 1895, por Wilhelm Röntgen. Já no ano seguinte, médicos começaram a fazer experimentos com raios X. Como ninguém ainda sabia dos perigos dessas ondas, charlatões passaram a produzir remédios usando a força misteriosa, prometendo energia, rejuvenescimento e até mesmo a cura do câncer.
Ainda mais bizarro: falsificadores - charlatões do charlatanismo - diziam ter radiação no seus remédios, quando não havia. Preocupada com essas fraudes, em 1916 a Associação Médica Americana estabeleceu uma dose mínima de radiação para os chamados jarros revigorantes, que "potencializavam" a água.
Hoje a gente sabe, quem foi enganado e não recebeu radiação se saiu melhor que quem comprou o produto legítimo. Isso porque a radiação bagunça o DNA das células e causa mutações ou simplesmente as mata, com efeitos catastróficos.
Em 1932, o industrial Eben Byers morreu de tumores múltiplos, que o desfiguraram, após tomar 1.400 garrafas de uma tal emulsão Radithor, recomendada por seu médico. O Wall Street Journal noticiou assim sua morte: "A água de rádio funcionou bem até sua mandíbula cair".
Byers foi a vítima mais extrema da loucura. Não se sabe quantos milhares ou milhões podem ter morrido de forma mais discreta. O escândalo acabou com a era do remédio radioativo, mas há lugares pagando o preço até hoje.
Na França, a Agência Nacional de Gestão de Dejetos Radioativos identificou 130 pontos contaminados por remédios ou cosméticos do início do século, 20 deles em Paris, causados principalmente pelos cosméticos da linha Tho-Radia.
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