Dos alertas ignorados ao debate sobre a existência de restos mortais, naufrágio do RMS Titanic completa 112; saiba mais!
Fabio Previdelli Publicado em 14/04/2024, às 07h00 - Atualizado às 13h46
Era uma quarta-feira, 10 de abril de 1912, quando o lendário RMS Titanic deixou o porto de Southampton, na Inglaterra, com destino à Nova York, nos Estados Unidos. Na manhã de domingo, 14 de abril, a embarcação recebeu a primeira mensagem de advertência sobre o campo de gelo que se aproximava.
O alerta foi repetido outras cinco vezes ao longo do dia, enquanto o RMS Titanic passava pelo Canadá, próximo da região da Ilha de Terra Nova. Quando a noite já caia, um dos vigias do lendário transatlântico avistou a ponta de um iceberg que estava a cerca de 500 metros de distância.
Foi questão de segundos para o corpo de gelo atingir a embarcação. O impacto aconteceu às 23h40. Em poucos minutos, a água já atingia quatro metros de altura acima da quilha. O Titanic começava a naufragar de forma lenta e dramática.
O colapso aconteceu durante a madrugada, por volta das 2h20 da manhã de 15 de abril, quando o RMS Titanic se partiu em dois. Logo, o transatlântico de luxo, com fama de 'inafundável', desapareceu no Atlântico Norte. Pensando nisso, confira 5 curiosidades sobre um dos naufrágios mais famosos da história!
Como já dito, no dia da colisão contra o iceberg, o RMS Titanic recebeu alguns alertas de outros navios sobre o gelo à deriva que estava em seu caminho. Mas o capitão Edward J. Smith decidiu os ignorá-los, aponta Paul R. Ryan em 'The Titanic Tale'.
Apesar das mensagens, o transatlântico continuou a navegar a toda velocidade; ou seja, 24 nós, ou 41 quilômetros por hora — apenas dois nós abaixo de sua velocidade máxima.
Jay Henry Mowbray explica em 'Sinking of the Titanic', que os navios eram frequentemente operados perto de sua velocidade máxima e os alertas de gelo foram considerados apenas simples 'avisos', com o capitão confiando plenamente nos vigias.
De uma maneira geral, acreditava-se que o gelo representava pouco perigo para as grandes embarcações. Tanto é que Jack Phillips, operador de rádio do Titanic, interrompeu o operador de outra embarcação que falava sobre os perigos do gelo para poder continuar enviando mensagens dos passageiros para o continente.
Cale-se! cale-se! Estou trabalhando em Cape Race [nome da região]", disse Phillips, segundo o portal Engineering Radio
A colisão do RMS Titanic aconteceu apenas no quarto dia da viagem inaugural do transatlântico. Curiosamente, o trajeto entre Southampton e Nova York seria o último feita pelo capitão Edward Smith antes de sua aposentadoria.
Experiente, ele foi uma das vítimas da tragédia, sendo tratado, ao longo dos anos, como vilão do naufrágio. Primeiro, pelo fato dele ter ignorado os alertas, embora também tenha sido o responsável por organizar os botes salva-vidas que impediram que mais vidas fossem perdidas.
Mas, principalmente, por falhar em dar certas ordens, não organizar a tripulação corretamente e negligenciar informações cruciais sobre a real situação do navio, conforme aponta Daniel Allen Butler em 'Unsinkable: The Full Story of RMS Titanic'.
Mais de uma década antes do acidente, em 1898, o escritor Morgan Robertson lançou o conto 'Futility, or the Wreck of the Titan' — que no Brasil foi publicado pela editora Vermelho Marinho com o nome de 'Futilidade ou o Naufrágio do Titan'.
Na obra, Robertson relata a história do transatlântico Titan que afunda no Atlântico Norte depois de bater em um iceberg. Só nesse ponto as semelhanças já podem ser impressionantes, mas as coincidências ficam ainda maiores.
Como recorda matéria publicada pela equipe da AH, o enredo se torna ainda mais premonitório, visto que no livro o capitão também se chama Smith, assim como o mês da tragédia é o mesmo: abril.
Outros detalhes técnicos também são bem próximos uns dos outros, como comprimento do navio, velocidade em que ele navegava, número de botes e compartimentos à prova d’água, até mesmo o número de vítimas são parecidos.
Mais de um século após o naufrágio do RMS Titanic, alguns detalhes ainda variam conforme a fonte apresentada, como o horário e o número de vítimas da tragédia. O Instituto Oceanográfico Woods Hole, por exemplo, cita que a embarcação colidiu contra o gigante de gelo às 23h40, enquanto uma exposição sobre o navio em Nova York dá o horário como 23h35.
Já Museu Smithsonian, nos Estados Unidos, aponta que 1.522 passageiros e tripulantes morreram na tragédia, enquanto o Museu Real de Greenwich, no Reino Unido, diz que o incidente vitimou 1.503 pessoas.
Um fator que ajuda nas divergências é que a lista de passageiros é imprecisa, visto que muitas pessoas embarcaram no Titanic com nomes falsos, repercute matéria do Nossa, do UOL. Além disso, outras embarcaram de última hora e não tiveram seus nomes nos registros.
Outro fato curioso é que no cemitério canadense de Fairview, na cidade de Halifax, existem cerca de 100 pessoas enterradas que estiveram a bordo do RMS Titanic. Entretanto, 30 delas jamais foram identificadas — como uma criança de apenas 19 meses.
+ ‘A criança desconhecida do Titanic’: A triste saga de uma vítima de 19 meses
Mas, afinal, apesar da divergência no número de vítimas, existem restos mortais nos destroços Titanic? A polêmica começou em 2004, quando a foto de um casaco e botas afundados perto da popa do transatlântico surgiu após uma expedição.
Sabe-se que para fazer o clássico 'Titanic' (1997), o diretor James Cameron visitou os destroços mais de 30 vezes. Entretanto, ele fala pouco sobre o assunto, como da vez que foi entrevistado pelo The New York Times: "Não vi nenhum resto humano", se resumiu a dizer.
Nós vimos roupas", disse Cameron em outra ocasião ao The Times. "Vimos sapatos. Vimos pares de sapatos, o que sugere fortemente que havia um corpo ali em algum momento. Mas nunca vimos restos humanos".
Embora a polêmica ainda exista, o fato é que nunca se constatou se corpos e esqueletos estão presos ou 'descansam' dentro dos destroços do RMS Titanic. E devido à profundidade do naufrágio, é possível que tal questionamento nunca seja resolvido.
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