Apesar de pouco mencionada, a mulher foi esposa de Deodoro da Fonseca
Redação Publicado em 13/11/2020, às 07h00 - Atualizado em 05/09/2023, às 16h28
A expressão “primeira-dama”, que hoje é usada para designar as esposas dos governantes, tornou-se popular apenas no governo do presidente americano Rutherford B. Hayes (1877-1881). Ela se referia à sua mulher, Lucy Webb Hayes, considerada a mais carismática primeira-dama americana no século 19.
Até a chegada de Lucy à Casa Branca, as esposas dos presidentes não costumavam ser designadas por um nome específico, já que isso era considerado típico de governos monárquicos – em que as mulheres eram identificadas como rainhas, imperatrizes, princesas etc.
Talvez seja fácil elencar as últimas primeiras-damas que o Brasil já teve, contudo, a tarefa fica um pouco mais difícil quando pensamos em quem teria sido a primeira da história do país.
A Proclamação da República foi assinada em 15 de novembro de 1889, tendo o imperador do país, Dom Pedro II, sendo exilado após um golpe dos republicanos que almejavam uma nova forma de governo no país. Com isso, o cargo de primeiro presidente do país ficou provisoriamente com Marechal Deodoro da Fonseca.
Sua esposa era Mariana da Fonseca, que conheceu seu marido em 1860, então capitão do exército brasileiro. Mariana era filha de um militar, e solteira aos 34 anos - algo raro na época e que levantou comentários negativos a respeito da jovem. Sendo um ano mais velha que Deodoro, foi apenas questão de semanas estavam casados. Era uma paixão ardente.
O grande livro Todas as Mulheres dos presidentes: A história pouco conhecida das primeiras-damas do Brasil desde o início da República, escrito por Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, se aprofunda na história da mulher e da relação com seu companheiro. Além de servir como um verdadeiro guia para conhecer as histórias de outras mulheres que marcaram a nossa história.
O casal foi forçado a se separar durante seis anos em decorrência da sangrenta Guerra do Paraguai, já que Deodoro e seis irmãos foram para o sul do país representar o Brasil no conflito.
Durante esse tempo, Mariana se mudou para a casa de sua sogra, Rosa Paulina. Foi importante diante de um difícil momento de luto, já que três dos irmãos de Deodoro morreram no campos sulinos. Assim, o apoio da jovem foi de extrema importância para Rosa, que apesar da dor se orgulhava da saga dos jovens durante o conflito.
Aos 63 anos de idade, Mariana foi a primeira a assumir o posto de primeira-dama da história do Brasil, tendo aparecido inclusive no quadro oficial da cerimônia de assinatura, de costas para o observador, com um vestido vermelho.
Historiadores descreveram Fonseca como uma primeira-dama discreta, que, inclusive, gostava mais de ser chamada de baronesa. Aparentemente, ela não era muito apegada ao título que mencionamos no começo da matéria. Humilde também era influente quando se tratava do marido.
Tanto Deodoro como a mulher buscavam favorecer as pessoas que os rodeavam, com indicações para posições de ponta em bancos ou até mesmo em empregos bem remunerados, como fiscais de loteria.
Em sua privacidade, cultivava um carinho muito grande pela destituída família real brasileira, e grande admiração também. A obra explica que em um dos salões do Itamaraty, inclusive, retratos dos membros da antiga corte do Brasil foram mantidos a mando dela.
Um de seus projetos públicos mais relevantes e notáveis foi a criação de uma escola doméstica para meninas pobres e órfãs. Além do ensino primário, e instituição ensinava habilidades úteis para uma dona de casa.
Passados dois anos à frente do cargo de presidente do Brasil, Deodoro cedeu à pressões de grupos militares e renunciou deixando a seu vice, Floriano Peixoto, a cadeira presidencial. Isso se deu também pelas dificuldades de saúde que o homem enfrentava, especialmente com falta de ar.
Médicos da confiança de Deodoro recomendaram que o ex-presidente fosse buscar tratamento na França. Porém, Mariana se recusou a deixar seu marido embarcar para o velho continente, uma vez que ficou sabendo que uma das amantes estaria no mesmo navio.
A insistência da mulher fez com que o homem ficasse no Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1892. Mariana morreu apenas em 1905, 12 anos depois do marido, aos 79 anos de idade sem nunca ter tido um filho.
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