Os bandoleiros ficaram famoso por seus crimes e atos controversos que marcaram a história nordestina do Brasil
Fabio Previdelli Publicado em 04/09/2020, às 07h00
1. Jararaca
José Leite de Santana, mais conhecido como Jararaca, foi um cangaceiro do bando de Lampião que participou da chamada defesa de Mossoró, em 13 de junho de 1927, no qual o grupo de 53 cangaceiros enfrentou mais de 150 homens armados.
Porém, no dia seguinte, Jararaca acabou sendo capturado, com apenas 22 anos. Já na cadeia, foi entrevistado por um jornalista. Na ocasião, disse que o rombo de bala em seu peito era uma das “lembranças divertidas do cangaço”.
O cárcere de Jararaca acabou se tronando uma atração pública na cidade. Apesar de não ser medicado, apresentou uma melhora no ferimento e ficou sabendo que seria transferido para Natal.
Entretanto, tudo não passava de uma armação. Jararaca havia sido levado para o cemitério, onde sua cova já estava aberta. Pressentindo o pior, declarou: “Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro”.
Após uma coronhada e uma punhalada mortal, Jararaca pereceu no lugar. Sua cova virou lugar de romaria, e muitos que o visitam fazem rezas e pedidos ao cangaceiro — a crença local diz que Jararaca se arrependeu dos crimes que cometeu antes de morrer e passou a conceder algumas graças.
2. Jesuíno Brilhante
Jesuíno Alves Brilhante de Melo Calado, ou Jesuíno Brilhante, como é conhecido, foi um dos percursores do cangaço no nordeste brasileiro. Brilhante entrou no fenômeno em 1871, após seu irmão ter sido agredido diante de uma acusão onde teria roubado a própria cabra. Assim, ele virou bandoleiro para combater a injustiça contra os mais pobres.
O cangaceiro ficou conhecido como Robin Hood do Sertão, pois vivia de roubos que eram repartidos entre os mais pobres. Ele via os donos de terra como inimigos do bem estar do povo e se posicionava como opositor dos coronéis.
Entre 1871 e 1879, foi o responsável pela criação do Estado paralelo sertanejo, e fundou uma sociedade livre de coronéis. Jesuíno mantinha a posição de sempre apelar para a violência contra o coronel e de não assumir uma oposição de autoridade moral, mas a de ser apenas um entre os oprimidos do sertão.
Seguindo a linha de Robin Hood do sertão, ele queria combater às injustiças que os sertanejos sofriam do Estado e dos ricos. O cangaceiro acreditava que os pobres tinham suas riquezas roubadas por uma parte da população que enriqueceu, e via os carentes como injustiçados, já que eles se mantinham honestos.
O banditismo e violência do grupo de Jesuíno se via presente nas práticas de e sequestro do cangaceiro. Entretanto, Brilhante proibia o estupro de mulheres ou a intransigência contra a violência contra populações pobres. Por isso, era visto por muitos como progressista.
3. Dadá
Sergia Ribeiro da Silva, a Dadá, foi esposa de Corisco e a única mulher a usar fuzil no bando de Lampião. Aos 13 anos de idade foi capturada e levada por Corisco como uma forma de vingança pela família da jovem delatar um parente de Corisco à polícia.
Dadá chegou a ser violentada por Corisco e, por conta disso, quase veio a óbito. Passado alguns anos vivendo na casa do cangaceiro, ela finalmente ingressou no grupo de cangaceiros em 1930. A entrada de mulheres no bando só foi permitida após Lampião conhecer Maria Bonita.
Em tese, as cangaceiras viviam para ornamentar e alegrar o cotidiano de seu homem, em troca, elas recebiam joias, perfumes, brilhantinas e qualquer outro tipo de mimo. Entretanto, Dadá nunca caiu na tentação do luxo.
A maioria delas não exercia o papel de combatente, portando somente pistolas e facas para defesa pessoal. Com a ascensão do governo Vargas, forças armadas passaram a combater os cangaceiros e na madrugada de julho de 1938, o grupo de Lampião foi atacado e o líder foi degolado ao lado de sua esposa.
Como consequêcia, Corisco assumiu o posto deixado por Lampião. Enfraquecido e sem munição, Dadá ganhou relevância no grupo. No ano seguinte Corisco foi baleado e, assim, ela assumiu o controle, se tornando a única entre eles a exercer tal função.
Porém, a liderança da cangaceira durou apenas um ano, quando, na ocasião, ela e Corisco foram atacados. Ele morreu após agonizar por dez horas, e a líder foi presa e teve uma perna amputada. Depois de dois anos em cárcere, foi liberada por sua condição inválida e se casou com o pintor de parede Alcides Chagas. Dadá passou a ganhar a vida como costureira e viveu na periferia de Salvador até sua morte, em 1994, aos 78 anos.
4. Antônio Silvino
Nascido Manoel Baptista de Morais, em 1875, começou sua vida no cangaço aos 21 anos junto com seu irmão Zeferino. A motivação deles se deu pelo assassinato de seu pai, o fazendeiro Batistão de Pajéu, vítima de brigas por terras.
Nesse momento, adotou o nome de Antônio Silvino. A alcunha é uma homenagem a seu tio, Silvino Aires Cavalcanti, cangaceiro que acolheu seus sobrinhos após o momento de dificuldade.
Antes de Lampião, Antônio Silvino era o cangaceiro mais famoso do sertão. Muito conhecido como Rifle de Ouro, acreditava que se um parente era morto, ele tinha direito imediato de por fim à vida do assassino.
Apesar de ter participado de um ataque à usina de Filonila, em 1899, que culminou na morte de uma menina de 13 anos, sua fama de bandido cavalheiro só cresceu. A constante vida de crimes e troca de tiros com a polícia acabou em 28 de novembro de 1914.
Atingido no pulmão direito, se refugiou na casa de um amigo antes de se entregar. Da cadeia de Taguatinga foi transferido para a Casa de Detenção, atual Casa de Cultura, onde uma multidão o aguardava.
Lá, se tornou o prisioneiro de número 1.122 e foi condenado a 239 anos de prisão. Porém, Antônio Silvino passou apenas 23 anos em cárcere, em 4 de fevereiro de 1937 ele foi indultado pelo presidente Vargas. O ex-rei do cangaço faleceu em 30 de julho de 1944, aos 69 anos.
5. Zé Baiano
Conhecido como o Pantera Negra dos Sertões, Zé Baiano foi um dos cangaceiros mais cruéis que já pisaram em terras nordestinas. Integrante do grupo de Lampião, Zé Baiano ficou no comando do povoado de Alagadiço, onde Lampião já havia aterrorizado os moradores em três ocasiões.
Lá, passou a visitar o morador Antônio de Chiquinho: o principal coiteiro da região. Entretanto, Chiquinho cansou de ser perseguido pelos policiais por seu envolvimento com o cangaço e decidiu armar uma emboscada para Zé Baiano.
Durante uma entrega alimentar em julho de 1936, Chiquinho e outros companheiros deram fim a Zé Baiano e outros três cangaceiros. O crime foi mantido em segredo por quinze dias, pois Chiquinho temia uma possível represália de Lampião, que acabou por não fazer nada após ser convencido por Maria Bonita que o ato poderia ser perigoso, já que o povoado tinha um canhão que poderia ser usado contra eles.
Chiquinho ficou marcado pelo crime, que não chegava nem aos pés daquele que Zé Baiano era capaz: o cangaceiro ficara conhecido por sua crueldade e desumanidade em pelo menos dois episódios.
No primeiro, ele teria matado sua esposa a pauladas depois de descobrir o adultério da companheira. Já em outras ocasiões, ele marcava com um ferro em brasa as inicias “JB” nos rostos ou nos púbis de mulheres que tinham o cabelo curto ou que vestiam roupas muito curtas, o que considerava inconveniente. Pela prática, passou a ser conhecido como ferrador de gente.
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