Embora envolto em controvérsia, o episódio existe no imaginário popular e serve até como lição de moral
Caio Tortamano Publicado em 10/03/2020, às 17h01
Charles Chaplin foi um sucesso absoluto por todo o planeta, especialmente nos Estados Unidos, país que se encantava com seu humor físico e caricato. Seu clássico e marcante andar inspiravam, inclusive, competições de imitações ao redor da América. As pessoas passavam por circos e teatros ganhando a vida como sósias do famoso ator.
Em um desses eventos, um participante pra lá de ilustre deu o ar da graça. O próprio ator teria, em carne e osso, participado de um concurso de sósias entre 1915 e 1921, o primeiro momento de explosão de sua carreira. Em 1920, um artigo nomeado "Como Charlie Chaplin Falhou" foi publicado em um jornal de Singapura.
Era dito que a co-fundadora do estúdio United Artists (onde Chaplin trabalhava) tinha contado sobre o dia que o ator foi a uma feira em que a principal atração era um concurso de imitação de Charlie.
Sem bigode, nem cartola ou bengala, o inglês entrou na competição pensando que tiraria o desafio de letra. Porém, indo contra suas expectativas, ele foi duramente criticado e acabou amargando na vigésima posição, sendo eliminado na primeira rodada.
Chaplin passou despercebido e ninguém reparou que era ele mesmo. O comediante nem chegou a ficar contrariado por não ter vencido a competição de caminhar igual ao personagem, mas sim com a maneira exagerada com que os outros participantes imitavam seus movimentos.
Durante uma entrevista ao Chicago Herald em 1915, Charlie comentou ironicamente sobre o dia em que não foi bem imitando a si mesmo: “Tentei ensinar como Carlitos (seu famoso personagem) caminhava, já que os participantes faziam de uma forma muito caricata e exagerada”.
O grande vencedor da competição teria sido um homem chamado Milton Berle, um comediante e apresentador americano que era criança na época de ouro de Charles Chaplin. Também é dito que outro comediante, Bob Hope, teria ganho uma das competições de imitação que aconteceram em Cleveland, local onde ele morava depois de ter se mudado com a família da Inglaterra.
A lenda voltou a ser conhecida depois de um filme lançado em 2006, chamado Xeque-Mate, ter feito referência ao mencionado concurso. No filme, Bruce Willis (que interpreta o assassino Mr. Goodkat) comenta: “certa vez, Charlie Chaplin entrou em um concurso de sósias de Carlitos em Monte Carlo, e terminou em terceiro”.
A história, porém, recebeu algumas outras versões na época, e até hoje existe no imaginário popular. Em 1920, um jornal chamado Poverty Bay Herald, da Nova Zelândia, contou a mesma história, e no ano seguinte, o jornal australiano Albany Advertiser publicou que o tal concurso teria acontecido na Califórnia há pouco tempo, e que Chaplin, usando um nome falso, amargou a vigésima sétima posição.
A Associação Chaplin, fundada pelos filhos do inglês para preservar sua imagem e memória, foi questionada sobre a veracidade dessa passagem na vida do ator de Carlitos. Em resposta, foi dado o seguinte pronunciamento: “Esta anedota, contada por Lord Desborough, quem quer que ele tenha sido, foi amplamente noticiado na imprensa britânica daquela época. Não existe, contudo, nenhuma outra referência a essa competição ou de nenhuma outra história do tipo, então só podemos supor que esta é a fonte desse rumor, desse mito urbano. No entanto, pode ter acontecido”.
Dessa maneira, a história não foi desmentida, mas também passou longe de ter sido confirmada como verídica, mantendo em incerto a verdade por trás da famosa passagem. Em outras fontes, Chaplin fica em terceiro e varia entre a vigésima e a vigésima sétima posição.
Começando sua carreira com uma companhia britânica de atuação nos Estados Unidos, Charlie começou a se destacar dos outros de seu grupo devido ao seu carisma. Desenvolvendo o personagem que viraria sua marca registrada, o Vagabundo, o estreou em sua segunda aparição no cinema.
O personagem rapidamente ganhou os corações do público pelo humor das situações em que se metia. Depois do sucesso, Chaplin passou a dirigir e escrever seus próprios filmes. A partir daí, o seu império se firmou e tornou-se um dos maiores cineastas de todos os tempos.
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