Escrito em 1960, ‘A História de Adão e Eva: A Era dos Cataclismos’ foi banido pela CIA por décadas, mas ainda hoje é usado por teóricos da conspiração
Em 1960, Chan Thomas escreveu um ensaio onde debate a existência de um ciclo de destruição em massa que ameaçaria a humanidade. Thomas debate que, com sua hipótese, seria possível prever grandes catástrofes e, por consequência, salvar milhares de vidas.
Décadas depois, o texto permanece popular entre teóricos conspiracionistas, principalmente pelo fato do texto ter sido mantido em sigilo pela CIA por cerca de 20 anos. Mas o quê ele registrou?
Em 1960, o autor americano Chan Thomas, que se considerava um ex-funcionário da Força Aérea dos Estados Unidos, publicou um ensaio chamado "A História de Adão e Eva: A Era dos Cataclismos".
O livro mistura ciência e especulação, chamando a atenção por seu conteúdo controverso e usado por conspiracionistas. Na obra, Thomas propõe que a Terra enfrenta eventos cataclísmicos a cada 6.500 anos (aproximadamente), o que levou à destruição e reconstrução de civilizações. O autor sugere que esses eventos naturais ajudaram a remodelar a superfície do planeta e também a história da Humanidade.
No livro, Thomas especula que os polos magnéticos da Terra se invertem a cada 6,5 mil anos em 90 graus; o que causaria terremotos, tsunamis e outros desastres massivos. Ele ainda aponta que após esses eventos, um pequeno grupo de sobreviventes acaba reconstruindo a civilização a partir de um estado quase primitivo.
Thomas usou sua hipótese para traçar paralelos com histórias mitológicas, mostrando que muitos dos mitos globais, na realidade, seriam o reflexo de eventos históricos que realmente aconteceram.
Além da história bíblica de Adão e Eva, usada no título do ensaio, o autor ainda cita outras lendas, como a cidade perdida de Atlântida. Ele, inclusive, utiliza esses exemplos como representações simbólicas de como a humanidade se recuperou após eventos catastróficos.
O interesse pelo livro se tornou maior quando ele foi parcialmente desclassificado pela CIA em meados da década de 1990; o que gerou especulações sobre o motivo da agência norte-americana deixá-lo 'esquecido' por tantos anos.
Apesar da comunidade científica já ter classificado a obra como uma pseudociência, até hoje diversos seguidores e conspiracionistas seguem acreditando no escrito — como se ele fosse capaz de prever o Dia do Juízo Final.
Ao longo dos anos, "A História de Adão e Eva: A Era dos Cataclismos" serviu para despertar inúmeras teorias conspiratórias sobre o fim dos tempos. Thomas sugere que o primeiro dilúvio aconteceu com as figuras bíblicas que dão título à obra. Já o segundo teria ocorrido na famosa passagem de "A Arca de Noé". No entanto, o terceiro ainda não passou, mas estaria próximo de ocorrer.
A possibilidade foi debatida em janeiro do ano passado no programa de entrevista "Joe Rogan Experience", que contou com a participação do youtuber Jimmy Corsetti. Na conversa, os dois citaram algumas anomalias naturais que poderiam reforçar a hipótese de Thomas, como o aumento do aquecimento global e dos índices dos oceanos. Logo, o podcast viralizou nas redes e foi ouvido por milhares de pessoas.
Conforme repercute o portal americano History of Yesterday, ao longo da história, alguns eventos geraram curiosidades entre os pesquisadores, como a última glaciação, ocorrida há mais de 12 mil anos. O evento aconteceu repentinamente e causou a extinção de várias espécies de animais. Seria um exemplo da hipótese de Thomas?
Em entrevista ao The Verge, cientista pesquisador principal do Centro de Pesquisa Langley da NASA, Martin Mlynczak, falou sobre o uso do ensaio para a criação de teorias sobre o fim da humanidade.
Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias. E não há provas, nem ciência, nem física que sustentem qualquer uma das alegações sobre a associação entre a mudança do campo magnético e as mudanças climáticas".
Mlynczak ainda explicou que caso um cataclismo ocorresse a cada 6,5 mil anos, o evento seria visível devido à quantidade de energia liberada. E como não há evidências que mantenham a especulação, ela foi descredibilizada.
"Não há evidências de que o clima da Terra tenha sido significativamente afetado pelas últimas três excursões do campo magnético, nem por qualquer evento de excursão nos últimos 2,8 milhões de anos", finalizou.
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