A descendente de uma sobrevivente do Titanic acredita que o “turismo” no local do naufrágio é algo “ofensivo”
Publicado em 07/06/2024, às 16h47
Uma familiar de dois sobreviventes do naufrágio do Titanic, que ocorreu em 15 de abril de 1912, criticou o plano de um bilionário de Ohio, nos Estados Unidos, de levar um submarino de US$ 20 milhões até o local do desastre. A iniciativa foi divulgada quase um ano após a tragédia da OceanGate, que resultou na perda dos cinco tripulantes no Atlântico Norte.
Na semana passada, o investidor imobiliário Larry Connor divulgou seus planos de mergulhar a uma profundidade de aproximadamente 3.800 metros em um submersível para duas pessoas, com o cofundador da Triton Submarines, Patrick Lahey, para explorar o local do naufrágio.
No entanto, essa expedição no Oceano Atlântico não foi bem recebida por Shelley Binder, descendente de Leah e Phillip Aks, sobreviventes do Titanic. Ela afirmou que o “local de descanso” do Titanic deve permanecer intocado, especialmente após o desastre ocorrido com a OceanGate em junho de 2023, informa o The Sun.
"Durante gerações, as pessoas que têm dinheiro vão gastá-lo fazendo coisas para provar seu machismo e apaziguar seu senso de aventura, mas isso significa que deveriam?", questionou Shelley em entrevista ao jornal britânico.
Ela condenou os bilionários e outros magnatas por desenvolver uma indústria turística em torno de uma das maiores tragédias mundiais.
"Fundamentalmente, acho que se poderia dizer que essas pessoas têm mais dinheiro do que bom senso. E a ideia de fazer turismo num naufrágio onde 1.496 pessoas perderam a vida num desastre verdadeiramente horrível de proporções épicas é ofensiva. O que aconteceu a bordo daquele navio foi extremamente traumático e angustiante para minha bisavó e meu tio-avô (já falecidos). Este foi um momento devastador e marcante em suas vidas e teve repercussões duradouras para toda a minha família", lamentou.
Ainda durante a entrevista, Shelley afirmou ter entrado em contato com pessoas que perderam familiares no naufrágio do Titanic, que concordam com a visão de que o turismo no 'cemitério' subaquático é inadequado.
Muitos enxergam o naufrágio como um túmulo e ficam realmente ofendidos com isso, com essa ideia de turismo comercial. Eles acreditam que é uma abominação”, concluiu.
A bisavó de Binder, Leah Aks, tinha 18 anos quando partiu de Southampton, no Reino Unido, a bordo do Titanic, acompanhada de seu filho Phillip, então com 10 meses. Seu marido, Sam Aks, havia partido para os Estados Unidos três meses antes, para começar a preparar uma nova vida, e deixou sua jovem esposa e seu filho recém-nascido na Inglaterra, pois acreditava que o navio era inafundável.