Na província de Entre Ríos, ao norte de Buenos Aires, na Argentina, a crescente presença de javalis e outras “pragas” está causando preocupação
Na província de Entre Ríos, ao norte de Buenos Aires, na Argentina, a crescente presença de javalis, veados e outras “pragas” está causando preocupação entre agricultores e pecuaristas. Esses animais têm atacado violentamente, provocado acidentes e gerado enormes prejuízos à produção agrícola.
Matías Saizar, pecuarista de Gualeguay, explicou ao jornal La Nación que os javalis se adaptaram ao ambiente local devido a cruzamentos iniciados na década de 1990, transformando-se em porcos selvagens.
Hoje, é comum encontrar rebanhos de 20 a 30 animais devastando plantações, principalmente de milho. “Só agora é que se tem consciência da praga que está a ser gerada”, afirmou Saizar.
Os problemas não se limitam ao campo. Os javalis e veados também representam riscos à segurança pública. Recentemente, um acidente fatal na Rodovia 12 foi causado por um cervo, evidenciando o impacto crescente dessas espécies na região.
Apesar da gravidade, não há instrumentos legais eficazes para controlar a situação. Um projeto de lei apresentado por deputados da cidade de Corrientes propõe declarar os javalis como “praga”, mas ainda depende de regulamentação.
Raúl Sobredo, produtor de Gualeguaychú, alertou ao jornal que a falta de ação governamental agrava o problema: “Estamos apenas tomando consciência da realidade porque tudo está começando a sair do controle. Esperamos que desperte a consciência de que estamos à beira de um problema grave”.
A caça é atualmente a única medida de controle, mas traz desafios. Os caçadores enfrentam riscos significativos, já que javalis encurralados podem atacar e até matar cães usados nas caçadas. “Eles matam os cachorros, os desmembram”, relatou Sobredo.
A Federação das Associações Rurais de Entre Ríos (Farer) apoia o projeto de lei que visa controlar os javalis, mas produtores pedem ações concretas para evitar que a situação se agrave ainda mais.
Enquanto isso, a falta de conscientização entre a população e autoridades locais dificulta o enfrentamento do problema. Sobredo destacou a delicadeza da questão ao lidar com espécies consideradas “fofas” como os cervos, que geram resistência a medidas de extermínio.
“Os cervos estão aparecendo cada vez mais e se espalhando. O governo nem a comunidade sabem o que está acontecendo conosco. É um tema muito sensível e delicado. Se você contar para 'Dona Rosa' que vai matar um cervo, um bichinho tão fofo e simpático gera uma reação. É uma questão delicada”, afirmou ao La Nación.