Maior crocodilo em cativeiro do mundo, conhecido como Cassius, faleceu em santuário australiano na última semana; mas, afinal, qual sua idade?
Pesquisadores estão empenhados em determinar a verdadeira idade do maior crocodilo de água salgada em cativeiro do mundo, que faleceu no último fim de semana. Cassius, reconhecido pelo Guinness World Records e estimado em ao menos 110 anos de idade, morreu no Marineland Melanesia, localizado na Ilha Verde, nas proximidades de Cairns, onde residia desde 1987.
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Embora a causa exata da morte ainda não tenha sido esclarecida, é provável que esteja relacionada à sua avançada idade. O falecimento de Cassius ocorreu poucas semanas após a partida de seu fiel amigo e proprietário do Marineland Melanesia, George Craig, que deixou a ilha para viver em uma instituição de cuidados para idosos no continente.
Toody Scott, neto de Craig, mencionou que "é fácil presumir" que o estresse teve um papel importante, dado o forte vínculo entre Cassius e Craig, segundo repercute o The Guardian.
Segundo Scott, logo após Craig deixar a ilha, Cassius começou a recusar alimento e, duas semanas depois, foi encontrado sem vida. Ele destacou que o declínio do icônico crocodilo foi rápido e inesperado: "Trinta e sete anos vivendo juntos e, após algumas semanas separados, perdemos um deles."
Cassius foi capturado pelos pesquisadores Graham Webb e Charlie Manolis no rio Finniss, ao sul de Darwin, no Território do Norte, em 1987. Após uma breve estadia em uma propriedade rural, Craig percorreu milhares de quilômetros para transferir Cassius para a Ilha Verde, onde ele viveu até seus últimos dias.
Um exame post-mortem foi realizado em Cassius com o objetivo de descobrir sua idade real — sempre estimada — e obter mais informações sobre o réptil. Scott afirmou que apenas observando Cassius era possível perceber sua idade avançada: "Ele parecia um verdadeiro dinossauro." Medindo 5,48 metros de comprimento e pesando mais de uma tonelada, Cassius impressionava pela sua enorme dimensão.
Para determinar sua idade precisa, os pesquisadores contarão os anéis encontrados em uma amostra do fêmur de Cassius, processo semelhante ao usado para contar anéis de árvores. Amostras foram colhidas de cada órgão principal, enquanto sua pele e cabeça foram preservadas. Ainda não há previsão para quando os resultados serão divulgados.
Scott comentou sobre o comportamento distinto de Cassius em comparação com outros crocodilos na Ilha Verde. Durante 14 anos, ele criou um filhote — um fato raro entre crocodilos. Geralmente, ovos são removidos dos ninhos para evitar que os machos os devorem. No entanto, na década de 1990, Craig acidentalmente deixou um ovo para trás. O filhote nasceu e foi encontrado descansando na cabeça de Cassius pela manhã.
Craig ofereceu pequenos pedaços de carne ao filhote — batizado de Xena em homenagem à Princesa Guerreira — mas optou por deixá-la sob os cuidados de Cassius. Scott descreveu como Cassius reservava pedaços de comida na boca enquanto se alimentava para depois entregá-los a Xena: "Esse tipo de comportamento nunca foi documentado antes."
Cassius era querido por visitantes do Marineland Melanesia durante décadas. Mensagens de condolências têm chegado de todo o mundo. O centro planeja preservar o legado do grande crocodilo através do uso de novas técnicas que permitam aos visitantes se aproximarem mais dele.
Enquanto isso, o crocodilo mais velho conhecido ainda vivo é Henry, residente no Crocworld Conservation Center na África do Sul, prestes a completar 124 anos em dezembro.