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Notícias / Arqueologia

Pedra de fronteira romana revela nomes de duas vilas desconhecidas

Pedra de fronteira romana de 1.720 anos oferece vislumbre sobre organização administrativa do Império e o nome de duas vilas perdidas; confira!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 27/01/2025, às 13h40

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Pedra de fronteira romana descoberta recentemente no norte de Israel - Divulgação/Palestine Exploration Quarterly/T. Rogovski
Pedra de fronteira romana descoberta recentemente no norte de Israel - Divulgação/Palestine Exploration Quarterly/T. Rogovski

Recentemente, uma equipe da Universidade Hebraica de Jerusalém junto a outros arqueólogos internacionais descobriu, durante escavações em Tel Abel Beth Maacah, uma área próxima a Metula, no norte de Israel, uma rara pedra de fronteira romana de 1.720 anos.

Mas o mais interessante sobre a descoberta é que ela oferece novos vislumbres sobre a organização administrativa do Império Romano durante o período da Tetrarquia (293 - 306 d.C.), além de ter revelado o nome de duas vilas até então desconhecidas.

Escrita em grego, a laje de basalto possui a seguinte inscrição: "Diocleciano e Maximiano, os Augustos, e Constâncio e Maximiano, os Césares, ordenaram a colocação desta pedra marcando os limites dos campos dos assentamentos de Tirathas e Golgol. Feita sob a supervisão de Basiliakos".

Em um novo estudo, publicado no Palestine Exploration Quarterly, os estudiosos declararam que a inscrição introduz dois novos nomes de vilas, Tirathas e Golgol, além de ser a primeira menção a Basiliakos, um funcionário tributário imperial.

A razão para a pedra só ser encontrada recentemente é que, com o decorrer do tempo, ela acabou sendo reaproveitada como cobertura de um túmulo do período mameluco, mas ainda assim permaneceu bem preservada.

Organização do Império

Originalmente, explicam os estudiosos, a pedra de fronteira serviria para delinear fronteiras agrárias entre vilas, o que era parte das reformas do ImperadorDiocleciano, para padronizar a tributação e estabelecer clareza no que se refere à propriedade daquelas terras.

As aldeias mencionadas na pedra, Tirathas e Golgol, são equiparadas a áreas registradas em levantamentos do século 19 da Palestina Ocidental. Logo, a menção na inscrição atesta o impressionante alcance do controle administrativo dos romanos no norte do Vale de Hula, onde mais de 20 marcos do tipo já foram encontrados anteriormente.

Segundo o Archaeology News, a concentração destes marcadores na região sugere que o Império Romano levou até lá um elaborado mecanismo de controle administrativo, que impactou especialmente nas áreas de pequenos proprietários de terras independentes. Com essas reformas, o mecanismo de tributação foi facilitado, o que levou estabilidade à região, mas que também colocou pressão econômica sobre a população rural.

As escavações estão sendo conduzidas pelos professores Naama Yahalom-Mack e Nava Panitz-Cohen do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica, e pelo professor Robert Mullins da Azusa Pacific University. Além da pedra de fronteira, também foram encontrados artefatos e estruturas de diferentes períodos, incluindo uma fortaleza da Idade do Ferro.

Vale mencionar ainda que o período conhecido como Tetrarquia Romana, instituído por Diocleciano, foi a resposta do Império ao tamanho e complexidades crescentes que se estabeleceram com a expansão. Por isso, a governança foi dividida entre quatro representantes, que respondiam a um sistema que buscava impor reformas fiscais e territoriais, incluindo a criação de marcos de fronteira como forma de regular as propriedades de terra.