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Notícias / Ciência

Maioria dos europeus tinha pele escura durante a Idade do Ferro, diz estudo

Novo estudo analisou o DNA de indivíduos que habitaram a Eurásia, e determinou que, até 3 mil anos atrás, maioria dos europeus tinha pele escura

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 10/03/2025, às 10h33

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Reconstrução facial do Homem de Cheddar - Divulgação/Museu de História Natural
Reconstrução facial do Homem de Cheddar - Divulgação/Museu de História Natural

Hoje, temos como um estereótipo comum do que é uma "aparência europeia" elementos como pele, cor de cabelo e cor de olhos clara. Porém, um estudo recente descobriu que, durante a Idade do Ferro (entre 3 mil e 1,7 mil anos atrás), a maioria dos europeus tinha, na verdade, a pele escura.

Para o estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Ferrara, na Itália, foram examinados o DNA de 348 indivíduos antigos de diferentes áreas da Eurásia, e de diferentes períodos, observando as diferenças dos últimos 45 mil anos. Os resultados foram publicados em uma pré-impressão na BioRxiv.

A partir da análise genômica, foram mapeados não só as variações de pigmentação da pele, mas também outras características como os olhos e cabelos. E o que os cientistas descobriram foi que, durante boa parte do período neolítico, a pele escura era predominante em grande parte da Eurásia, com registros de pele clara surgindo somente nas regiões mais ao norte do continente.

Foi só durante a Idade do Bronze, há cerca de 4 mil anos, que foi constatado um aumento na prevalência de olhos azuis, cabelo loiro e pele clara, mas especialmente entre indivíduos de regiões das atuais Inglaterra, Hungria, Estônia e República Tcheca. Posteriormente, na Idade do Ferro, tons de pele escura, intermediária e clara já eram registrados em diferentes regiões da Europa e da Ásia.

Vantagem evolutiva?

Conforme repercute a Revista Galileu, os primeiros humanos modernos surgiram no continente africano, há cerca de 200 mil anos, com pele, cabelo e olhos escuros. Os aspectos como pele mais clara só surgiram posteriormente, após o deslocamento destes humanos para regiões mais frias, no norte da Eurásia, onde havia menor incidência de luz solar.

Supostamente, essas alterações se devem ao fato de que, como a pele clara absorve mais radiação ultravioleta, que é necessária para a produção de vitamina D, essa característica seria uma vantagem evolutiva nessas áreas do globo.

Os primeiros registros de pele mais clara remontam aos fazendeiros da Anatólia, na Turquia, há cerca de 15 mil anos. "Sabíamos por dados anteriores que as primeiras ocorrências de peles claras foram por volta de 15 mil anos atrás na região do Cáucaso", explica em comunicado ao IFLScience o autor do estudo, Guido Barbujani.

A mudança para pigmentações mais claras acabou sendo quase linear no tempo e no lugar, e mais lenta do que o esperado, com metade dos indivíduos mostrando cores de pele escuras ou intermediárias bem nas idades do Cobre e do Ferro", complementa o especialista.

Vale mencionar ainda que, anteriormente, já havia indícios da predominância de pele escura na Europa, e de que ela teria perdurado mais tempo do que se esperava. Um dos exemplares mais notáveis é o conhecido como "Homem de Cheddar", um antigo indivíduo que viveu há cerca de 10 mil anos, que foi encontrado em 1901 na Gruta de Cheddar, no Reino Unido.

Uma análise de seu DNA revelou que ele tinha olhos azuis, cabelo crespo e pele escura. A pesquisa que apontou essa descoberta ainda sugeria que a pele clara só chegou na Inglaterra há cerca de 6 mil anos, após a migração de povos do Oriente Médio.

Dessa forma, ainda restam dúvidas sobre como peles mais escuras conseguiram perdurar na Europa, mesmo que as peles claras fossem mais adaptadas ao clima. E os especialistas sugerem que a resposta para essa questão está na dieta, visto que, caso esses indivíduos consumissem muitos peixes, haveria menos necessidade de exposição à luz solar, visto que a absorção da vitamina D se daria principalmente através da alimentação.