Após quatro décadas de tentativas de lançar "Megalópolis", o cineasta Francis Coppola teve de recorrer aos próprios recursos para custear a produção
"Megalópolis", o ambicioso novo filme do roteirista e cineasta Francis Ford Coppola, estreou no Brasil nesta quinta-feira, 31, trazendo uma visão única e ousada sobre a decadência de uma Nova Roma em território americano, ambientada num futuro próximo.
Inspirado por eventos da Roma Antiga, o enredo acompanha a luta de um arquiteto, interpretado por Adam Driver, que desafia políticos e banqueiros para realizar o sonho de uma metrópole utópica. Com uma estética que remete às grandes fábulas, o diretor optou por um estilo diferenciado, um contraste marcante com os blockbusters de hoje.
Contudo, realizar essa obra épica custou caro. Após quatro décadas de tentativas frustradas de lançar "Megalópolis", Coppola teve de recorrer aos próprios recursos, vendendo parte de suas vinícolas para custear a produção de cerca de US$ 140 milhões, repercute o jornal norte-americano The New York Times.
Conhecido pelos sucessos "O Poderoso Chefão" e "Apocalypse Now", o cineasta não encontrou apoio dos estúdios, que rejeitaram o projeto devido ao risco financeiro. Para ele, essa resistência reflete uma visão conservadora de Hollywood:
Eu era uma voz poderosa em Hollywood. Agora, eu sou um vovô velho e queria fazer 'Megalópolis' e ninguém queria. Eles não acham que esse tipo de filme segue a fórmula. Sabe, especialmente com um grande orçamento, é preciso ter um super-herói que voe ou, basicamente, muitas colisões de carros e coisas que fazem parte da fórmula", contou ao jornal.
A saga por trás de "Megalópolis" remonta aos anos 1980, quando Coppola começou a desenvolver ideias inspiradas na Roma Antiga, mas que também se referem ao papel dos EUA como potência global.
Em décadas de ajustes e reformulações, atores como Robert De Niro e Leonardo DiCaprio chegaram a ser cotados para o elenco, mas o projeto ficou parado até 2019, quando finalmente ganhou fôlego e trouxe nomes como Driver, Nathalie Emmanuel e Giancarlo Esposito.
Produzido com efeitos práticos, como os usados em "Drácula de Bram Stoker", o filme enfrentou atrasos e substituições na equipe de arte, o que elevou o orçamento inicialmente previsto em US$ 120 milhões, segundo o jornal norte-americano.
Apesar dos desafios e até das acusações de conduta imprópria no set, Coppola segue otimista. Ele acredita que o cinema pode renascer em novos moldes e afirma que sua visão artística sempre incluiu riscos – algo que, para ele, "está desaparecendo em Hollywood". "Megalópolis" foi lançado em Cannes sem apoio formal de distribuidoras, e até o momento, arrecadou US$ 13,3 milhões mundialmente.