Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Arqueologia

Fortaleza de 3.000 anos no Cáucaso é maior do que se imaginava, revela estudo

Escavações iniciais focaram em um promontório fortificado entre dois desfiladeiros profundos, mas vestígios de construções se estendiam muito além

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 09/01/2025, às 11h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Área onde a fortaleza teria se situado - Divulgação/Antiquity/NL Erb-Satullo et al.
Área onde a fortaleza teria se situado - Divulgação/Antiquity/NL Erb-Satullo et al.

Um estudo recente utilizando tecnologia de drones revelou que Dmanisis Gora, uma fortaleza de 3.000 anos localizada nas Montanhas do Cáucaso, é significativamente maior do que se acreditava.

As descobertas levaram a novas interpretações sobre a dinâmica dos assentamentos durante o final da Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro.

O trabalho foi conduzido pelo Dr. Nathaniel Erb-Satullo, do Instituto Forense da Universidade de Cranfield, e Dimitri Jachvliani, do Museu Nacional da Geórgia, e foi publicado no periódico Antiquity. Desde 2018, a pesquisa vem destacando Dmanisis Gora como um sítio-chave para compreender o urbanismo e a organização social na antiguidade.

As escavações iniciais focaram em um promontório fortificado entre dois desfiladeiros profundos. Contudo, durante uma visita no outono, quando a vegetação densa havia diminuído, foram identificados vestígios de fortificações e edifícios que se estendiam muito além da área conhecida.

Mapeamento de Dmanisis Gora feito com o auxílio de drones - NL Erb-Satullo et al., Antiquity (2025)

Para mapear essas descobertas, foram capturadas cerca de 11.000 imagens com drones, processadas por softwares especializados, criando modelos de elevação digital e mapas detalhados das estruturas.

O uso de drones nos permitiu identificar características sutis do terreno e criar mapas precisos das fortificações, sistemas de campos, sepulturas e outras estruturas no assentamento externo”, explicou o Dr. Erb-Satullo.

A pesquisa revelou que o muro de fortificação se estende por um quilômetro, tornando Dmanisis Gora mais de 40 vezes maior do que estimado anteriormente.

Assentamento monumental

Combinando fotografias aéreas e imagens de satélite da Guerra Fria, os pesquisadores distinguiram estruturas antigas de alterações modernas causadas pela agricultura.

Localizada em uma encruzilhada entre Europa, Estepe Eurasiática e Oriente Médio, a Geórgia sempre foi um ponto de encontro cultural, e Dmanisis Gora reflete essa rica interação.

O tamanho impressionante e a arquitetura defensiva do sítio sugerem um grande centro habitacional, refletindo uma era de crescente complexidade social e política, repercute o Archaeology News.

Os estudos indicam que o crescimento da fortaleza pode estar ligado não apenas à população local, mas também ao fluxo de pastores nômades. Acredita-se que essa mobilidade tenha resultado em flutuações sazonais na ocupação do assentamento externo.

Esquema especifica procedimentos de estudo / Crédito: Divulgação/Antiquity/NL Erb-Satullo et al.

Apesar das fortificações robustas, evidências apontam para uma ocupação de baixa intensidade, possivelmente sazonal, apoiando a teoria de que a mobilidade pastoral desempenhava um papel importante na organização social da época.

Dmanisis Gora desafia a ideia de que o “Colapso da Idade do Bronze” trouxe rupturas significativas à região do Cáucaso do Sul. Enquanto outras áreas do Oriente Próximo e Mediterrâneo enfrentavam grandes transformações, a região manteve uma notável continuidade cultural e habitacional.

Pesquisas em andamento visam aprofundar o entendimento sobre a densidade populacional, práticas agrícolas e pecuárias no local. Até o momento, as escavações revelaram dezenas de milhares de artefatos, incluindo fragmentos de cerâmica e ossos de animais, oferecendo uma janela para o cotidiano das pessoas que ali viveram.

Leia também: Arqueólogos descobrem 'tesouro' romano fascinante na França