Imagem meramente ilustrativa de uma cobra - Imagem de blom3 por Pixabay
Crimes

Vítima de feminicídio: homem usa cobra para assassinar a própria esposa na Índia

Suraj Kumar foi condenado à prisão perpétua após matar companheira utilizando uma naja

Victória Gearini | @victoriagearini Publicado em 31/10/2021, às 11h32

Em abril de 2020, o indiano Suraj Kumar pagou 7 mil rúpias — cerca de R$ 508 — para obter uma naja altamente venenosa. O animal foi utilizado por ele para matar a sua esposa, chamada Uthra.

Após meses de investigações, este ano, o indiano foi condenado à prisão perpétua em uma decisão rara na Índia. 

O casamento 

Cerca de dois anos antes do crime, Suraj conheceu Uthra e logo se casaram. Na época, o rapaz recebeu um dote de 768 gramas de ouro, um sedã Suzuki e o equivalente a R$ 29 mil. 

Além disso, mensalmente, os pais da jovem depositavam ao genro uma quantia estimada em R$ 585. Contudo, segundo os investigadores, Suraj a chantageava para receber mais dinheiro dos sogros. 

Os antecedentes

De acordo com uma reconstituição feita pelos jornalista Soutik Biswas e Ashraf Padanna, repórteres da BBC, o assassino utilizou o mercado ilegal de cobras para obter o animal.

Dias depois, o criminoso dirigiu até a casa de seus sogros. Contudo, o que ninguém sabia é que ele levava consigo uma naja. Na ocasião, sua esposa se recuperava na casa de seus pais, após ter sido picada por uma outra cobra.

Após ficar 52 dias internada no hospital e ser submetida a várias cirurgias, Uthra se recuperava na casa dos pais, quando foi surpreendida pela presença do marido. 

O crime 

De acordo com os pesquisadores, na fatídica noite de 6 de maio de 2020, Suraj Kumar dopou a esposa com sedativos. Em seguida, o agressor colocou o animal sob o corpo da vítima.

No entanto, em um primeiro momento, o animal não a atacou, pelo contrário, rastejou para o sentido oposto. O assassino, por sua vez, fez uma nova tentativa. Desta vez, ele pressionou a cabeça da cobra sob o braço da companheira. 

De acordo com os jornalistas da BBC, a naja teria ficado assustada e, portanto, depois de duas picadas em Uthra, ela teria se escondido em uma prateleira dentro do cômodo em que ocorreu o crime. 

A família da vítima logo a levou para o hospital. Contudo, a jovem não sobreviveu e veio a falecer pouco tempo depois. Na época, ps exames apontaram que ela havia sido envenenada. Logo, os familiares acionaram a polícia, que passou a investigar o caso como homicídio. 

As investigações 

Para encobrir os rastros do feminicídio, o agressor destruiu todas as provas que pudessem incriminá-lo, como conversas no celular e o galho usado para atrair o animal até o corpo da vítima. 

No entanto, os legistas constataram que Uthra tinha ferimentos no braço causados por picadas feitas com menos de uma polegada de distância. Isto é, as autoridades passaram a suspeitar ainda mais do marido. 

"As najas não mordem a menos que você as provoque. Suraj teve que pegá-la pelo capuz e forçá-la a morder sua esposa", disse o herpetólogo Mavish Kumar à BBC. 

Durante as investigações, as autoridades descobriram que o agressor já havia tentado matar sua esposa outras três vezes, em um curto período de quatro meses. Além disso, os investigadores conseguiram rastrear o histórico de internet do assassino. 

Com o caminhar das investigações, a polícia achou um estoque de sedativos dentro do carro e identificaram o corpo do animal morto enterrado no jardim da casa. 

Outro ponto que chamou a atenção das autoridades foram as evidências de que Suraj teria comprado duas cobras para assassinar Uthra, conforme repercutiu a BBC. 

A condenação 

Ao todo, foram 78 dias de investigações, que culminaram em um relatório de mais de mil páginas, contendo testemunhos de 90 pessoas, como de herpetólogos e médicos.

As provas irrefutáveis comprovaram que Suraj Kumar matou a sangue frio a própria esposa. O criminoso foi condenado à prisão perpétua — considerada uma pena rara na Índia.

"Ele estava determinado a matá-la, pegar seu dinheiro e se casar com outra mulher. Ele planejou tudo meticulosamente e teve sucesso na terceira tentativa", revelou o investigador Apu Kuttan Ashok à BBC.

Uthra, por sua vez, claramente foi mais uma vítima do feminicídio. Isto é, mais uma vítima de violência contra as mulheres, crime este, recorrente ao redor do mundo. 


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