Com sua locomotiva 'Mallard', o engenheiro Nigel Gresley definiu um inusitado recorde e continua invicto desde junho de 1938
Fabio Marton Publicado em 20/06/2021, às 10h00
Nos últimos anos de sua vida, o engenheiro Sir Nigel Gresley, responsável pelas mais icônicas máquinas na rede ferroviária britânica, adquiriu um hobby: criar patos selvagens. Isso explica sua aparentemente estranha decisão de batizar sua locomotiva campeã de pato (“mallard”). A Mallard, locomotiva número 4468, chegou a 203 km/h em 3 de junho de 1938, recorde ainda hoje não superado entre locomotivas a vapor.
Era um dos 35 exemplares de LNER (London and North Eastern Railway) Class A4. Estreando em 1935, essas máquinas foram projetadas para uma velocidade de cruzeiro de 160 km/h, ideal para longas viagens. No pós-guerra, passou a fazer a linha Londres-Edimburgo, de 632 quilômetros, em seis horas e meia.
A A4 era uma streamliner (literalmente “[feita com] linha de fluxo”, mais propriamente “aerodinâmica”). Com a evolução da aviação na Primeira Guerra, houve um radical avanço no conhecimento de aerodinâmica. Trens com esse formato, a vapor ou diesel, eram a promessa do futuro nos anos 30. O A4 foi usado até 1963.
O Classe A4 era um motor a vapor clássico a pistão (na época, a turbina de vapor já era uma opção). Uma fogueira de carvão faz a fumaça passar por uma série de tubos, numa caldeira, fazendo a água ferver e se pressurizar. Isso move os três pistões de vapor abaixo da caldeira, que transmitem seu movimento às rodas.
O primeiro streamliner foi o experimental Schienenzeppelin (zepelim de trilhos), um trem movido a hélice de avião, de 1929. Extremamente perigoso para os passageiros, não deu em nada. Mas a aerodinâmica, sim. Nos anos 30, se estenderia não só para carros como até para a arquitetura, no movimento Art Déco.
O esquema de rodas era o clássico 4-6-2: quatro rodas guia, pequenas e sem tração, para facilitar curvas; seis rodas motrizes; e duas rodas portantes, para segurar o peso da fornalha. As rodas motrizes eram gigantescas, com 2,03 metros de diâmetro. Proporcionavam tração sem girar de forma perigosamente rápida.
Uma das vantagens do estilo aerodinâmico era que a carroceria forçava o ar para cima, tirando a fumaça da frente do trem. Ainda que as janelas fossem minúsculas, os condutores do Classe A4 tinham uma visibilidade bem acima da média.
Além da aerodinâmica, o formato da caldeira e a chaminé dupla especial introduzida no Mallard e adotada nos anos 50 nas outras locomotivas da série fazia com que os trens economizassem até 2 quilos de carvão por quilômetro rodado.
+Saiba mais sobre ciência por meio das obras disponíveis na Amazon:
O Grande Livro de Ciências do Manual do Mundo, de Workman Publishing (2019) - https://amzn.to/37HLUvK
O livro da ciência, de Vários Autores (2016) - https://amzn.to/3eiQHpW
A História da Ciência Para Quem Tem Pressa, de Nicola Chalton e Meredith Mac Ardle (2017) - https://amzn.to/3ejGOrU
O que é Ciência afinal?, de Alan F. Chalmers (1993) - https://amzn.to/2zNHpTV
A gaia ciência, de Friedrich Nietzsche (2012) - https://amzn.to/3eoM6Ti
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp
Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7
Irmãos Menendez: Como os familiares de Lyle e Erik enxergam o caso?
Há 5 mil anos: Confira a última refeição feita por Ötzi
Irmãos Menendez: Veja o que aconteceu com as figuras mostradas na série
Irmãos Menendez: O que aconteceu com o psicólogo de Lyle e Erik?
Conheça Grande Adria, continente perdido há mais de 100 milhões de anos
Irmãos Menendez: Entenda como ex-Menudo pode reacender o caso criminal