Uma grande campanha de difamação: a vida sexual de Maria Antonieta

Diretamente ligada a escândalos, a vida pública de Maria Antonieta chama atenção até os dias atuais por passagens que equilibram generosidade e ações impulsivas. Em sua vida pessoal, no entanto, tentou se preservar ao máximo de comentários relacionados a sua intimidade, sem sucesso. Com a queda de seu marido, Luís XVI, a arquiduquesa chegou a ser retratada maliciosamente por detratores.

Boatos relacionados ao desempenho do rei entre quatro paredes sempre associavam a moça ao desinteresse, como se o marido não fosse suficiente. A formula encontrada pelos opositores, apoiados na Corte Francesa, foi a criação de panfletos retratando Maria em situações nada elegantes.

Amantes?

Atribuindo amantes por nomes, os panfletos eram feitos em grandes quantidades e relatavam relações sexuais da austríaca com homens e mulheres, detalhando principalmente as obscenidades sem atribuir nenhuma fonte ou testemunha dos feitos. Nas numerosas orgias relatadas, amigas próximas de Maria, como a duquesa de Polignac e a princesa de Lamballe, fizeram parte da fofoca e foram descritas como parceiras sexuais da rainha.

Um dos relatados com maior exposição foi o conde de Artois Carlos Felipe, irmão mais novo do rei e cunhado da rainha. Antes de completar a maioridade, já era desenhado nos panfletos como uma válvula de escape de Maria para ter relações sexuais de perder o fôlego. Sua jovialidade era descrita como algo que impulsionava as traições e fazia o irmão mais velho se sentir ainda mais impotente.

Luís não dava conta

Um dos boatos que embasaram a incessante busca de Maria por relações sexuais fora do casamento seria uma condição extremamente específica no órgão genital de seu companheiro. Além de ser descrito pelos panfletos como um homem feio, gordinho e insuficiente para uma mulher gananciosa, as fofocas apontavam que Luís XVI tinha fimose.

Descrevendo e desenhando o pênis, o folhetim afirmava que isso lhe dava muita dificuldade em ter filhos e havia de se ter muita meticulosidade para a fecundação, visto que qualquer excesso poderia deixar o poderoso rei aos prantos com dores devido ao prepúcio.

Os panfletos que corriam as ruas parisienses citavam diversos nomes, mas nunca chegou a citar o principal relacionado a um possível caso extraconjugal da rainha. O conde sueco Hans Axel von Fersen conheceu Maria em um baile de máscaras, aos 18 anos. Com diversos registros de visitas a Versalhes, a relação de intimidade de ambos foi sempre relatada oficialmente como uma amizade carinhosa.

Quando o filho Luís-Carlos nasceu, o pai Luís XVI chegou a relatar uma desconfiança em relação ao amigo íntimo, afirmando que “seu próprio filho” havia nascido, porém, as visitas de Fersen relacionavam o futuro Delfim de França como filho biológico de uma relação extraconjugal entre Maria e o coronel.

A informação é contestada pelo fato de que Maria raramente ficava sozinha sem o marido, mas foi um sinal de que os boatos surtiram efeito.

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