Che Guevara, revolucionário, médico e guerrilheiro argentino - Domínio Público
Personagem

Revolução e amor de pai: Che Guevara a partir de relatos da própria filha

“Um ser humano mágico e especial”, afirmou Aleida Guevara March, filha mais velha do guerrilheiro, que recebia cartas inspiradoras do revolucionário

Redação Publicado em 29/11/2020, às 08h30

Homem da revolução, Che Guevara se casou duas vezes ao longo de sua vida: em 1955, com a economista e líder comunista peruana Hilda Gadea; e em 1959 com a combatente cubana Aleida March. “Amou algumas, casou com duas e manteve relacionamento mais íntimo com pelo menos mais três. Bem menos, portanto, do que muitos autores afirmam, e a própria história divulgou, de que seria uma multidão”, conclui o autor Roberto Rossi Jung no livro As mulheres na vida do Che Guevara (2003).

Com a primeira esposa, teve apenas uma filha, Hilda, que faleceu em 1995. Já com March, teve quatro: Aleida, Camilo, Celia e Ernesto. Os outros romances da vida de Che provavelmente não o renderam herdeiros, até onde se sabe. Mas a relação que o guerrilheiro teve com seus filhos, mesmo em meio a sua agitada vida, é indagada até os dias de hoje, 53 anos depois de sua morte.

Che Guevara e seus quatro filhos / Crédito: Domínio Público

 

Quem conta essa história é, principalmente, sua filha mais velha com sua segunda esposa, Aleida Guevara March, nascida em 24 de novembro de 1960. Médica do Hospital Infantil William Soler, em Havana, Cuba, a mulher também já atuou pela sua profissão em Angola, Equador e Nicarágua. Além disso, milita pelos direitos humanos e pela suspensão da dívida a países subdesenvolvidos.

Ela tinha apenas quatro anos quando Che deixou Cuba para participar da revolução que estava em vigor no Congo. Poucos anos depois, porém, seu pai ainda foi assassinado em território latino-americano, mais especificamente em uma guerrilha na Bolívia. Ainda assim, mesmo com pouco tempo de convivência, Aleida conta que teve uma boa relação com ele.

Che e sua segunda esposa, Aleida March / Crédito: Wikimedia Commons

 

“Meu pai não teve a oportunidade de aproveitar nossa infância. Mas quando ele estava fora, na maioria das vezes, ele nos enviava histórias e desenhos em cartões postais. Meu irmão Camilo foi repreendido na creche por usar palavrões, e minha mãe confrontou Che porque ele tinha o hábito de xingar — como todos os argentinos. Ele estava na África e escreveu para Camilo dizendo que não podia xingar na escola, ou Pepe, o jacaré [inventado por Guevara] morderia a perna de Che. Então ele teve que parar de xingar para proteger seu pai”, disse em entrevista ao The Guardian em 2009.

Para ver seus filhos, no entanto, o argentino tinha de recorrer aos métodos mais criativos: com identidades falsas, usava barbas de mentira, roupas estranhas e sotaques diferentes. Por sua radicalidade e atuação em guerrilhas até mesmo fora de Cuba, foi rastreado por potências internacionais. Toda precaução não foi em vão: ele morreria em 1967 por uma missão monitorada secretamente pela Casa Branca e pelo Pentágono, que contava também com o apoio da CIA.

Crédito: Wikimedia Commons

 

Como não queria colocar sua família em risco, usava disfarces sob a identidade de "amigo muito bom do papai". "Queria impressioná-lo. Não o reconheci como meu pai, mas tinha sentimentos por ele. Lembro-me de uma ocasião em que ele estava disfarçado, participamos de um comício. Caí de cabeça. Meu pai era um médico treinado, é claro, e ele correu, me pegou e começou a me tratar”, contou Aleida.

“Mais tarde eu disse à minha mãe: 'você conhece aquele homem? Ele me ama.' Eu não sabia por que ele me amava, e é claro que minha mãe não poderia explicar, caso eu dissesse”, concluiu. Essa seria praticamente toda a relação de Che com os filhos que, como narrado por Aleida, foi repleta de amor, por mais que em situações difíceis.

"Ele era um ser humano mágico, especial, com capacidade de se entregar completamente a algo, a uma causa, a inspirar”, afirma a filha mais velha do guerrilheiro. Segundo ela, o homem os passava valores muito importantes: "não maltrate os livros. Essa era uma crença muito forte. Seja amigo da humanidade, não tolere injustiças de qualquer espécie, em nenhum lugar e seja digno do seu país. Nada mais do que isso, mas isso era muito”.


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