Um apartamento no 432 Park Avenue pode custar até 100 milhões de dólares. A quantia, porém, não evita dores de cabeça
Fabio Previdelli Publicado em 02/10/2021, às 09h00 - Atualizado em 20/12/2022, às 14h47
Localizado ao lado do Central Park, o edifício residencial 432 Park Avenue é um dos endereços residenciais mais caros do mundo. Apesar de todo aparente luxo e de vizinhos que são verdadeiras estrelas, como a cantora Jennifer Lopez, que já teve um apartamento por lá, viver no endereço tem se tornado uma enorme dor de cabeça. Tanto é que uma moradora declarou: “Todo mundo se odeia aqui”. Mas o que levou isso a acontecer?
Em dezembro de 2015, o coração de Manhattan recebeu, segundo reportagem do The New Deal, o edifício residencial mais alto do planeta. Com seus 426 metros de altura e 88 andares, o 432 Park Avenue se tornou um dos endereços mais caros do mundo, situado ao lado do Central Park.
Para se ter uma ideia, de acordo com o The New York Times, o projeto do arquiteto uruguaio Rafael Viñoly custou cerca de 3 bilhões de dólares para sair do papel, demorando pouco mais de 3 anos para ser construído.
Para morar no arranha-céu na chamada Billionaire Row (avenida dos bilionários), os interessados precisam desembolsar entre 10 milhões e 100 milhões de dólares — o que representa entre 54 e 540 milhões de reais.
Mas se engana quem pensa que viver no 432 Park Avenue seja um luxo inimaginável. Apesar de ser construído com tal intuito, nos últimos anos, os moradores do local passaram a reclamar dos inúmeros problemas estruturais da construção — engenheiros contratados pela administração do condomínio identificaram 1,5 mil falhas na construção e projeto do local, aponta a BBC.
Com isso, algumas das pessoas mais ricas e influentes do mundo passaram a enfrentar um verdadeiro dilema: afinal, como resolver os problemas de seu imóvel sem afundar os valores de suas propriedades?
A cantora Jennifer Lopez e seu ex-marido Alex Rodriguez, por exemplo, pagaram 15,3 milhões de dólares em 2018 para ter um apartamento por lá, mas devido aos problemas do local, se desfizeram da propriedade cerca de um ano depois, aponta o NYT.
“Eu estava convencida de que seria o melhor prédio de Nova York”, disse Sarina Abramovich, uma das primeiras residentes do 432 Park, ao periódico americano.
Eles ainda estão mostrando isso como um presente de Deus para o mundo, e não é", afirmou.
Casada com um magnata do setor de petróleo, Sarina conta que comprou um apartamento no prédio em 2016, com o intuito de ter uma residência secundária que ficasse perto de seus filhos adultos, mas revela que acabou se arrependendo da compra logo no primeiro dia que visitou sua nova casa, já que tanto sua unidade quanto o prédio ainda estavam em construção.
Eles me colocaram em um elevador de carga cercado por placas de aço e compensado, com uma ascensorista de capacete”, disse ela. "Foi assim que subi ao meu apartamento pretensioso."
A partir daí, o arranha-céu passou a enfrentar diversos problemas de inundações. O primeiro deles, em novembro de 2018, aconteceu pela alta pressão da água em um tubo que conectava o encanamento no 60º andar.
Quatro dias depois, uma falha no 74º andar fez com que os poços dos elevadores ficassem inundados, o que deixou inoperante dois deles por algumas semanas — restando apenas outros dois elevadores para dar conta de todo o prédio.
Além disso, diz o NYT, após o primeiro incidente, a água entrou no apartamento de Abramovich, causando um dano estimado em meio milhão de dólares, segundo a própria moradora.
Outros residentes relembram de episódios semelhantes. O comprador anônimo da unidade 84B, por exemplo, recorda de uma “inundação catastrófica de água” que causou grandes danos do 83º ao 86º andar, em 2016
Por conta de sua altura, todo o edifício balança com o vento, mas em alturas excepcionais, esse chocalhão é ainda mais forte. “Uma condição de vento forte” interrompeu um elevador e fez com que um residente ficasse “preso” na noite de 31 de outubro de 2019 por uma hora e 25 minutos, explicou um e-mail da administração do 432 Park Avenue.
Normalmente em edifício altos, o ruído é um problema comum para os moradores, mas no prédio residencial de Manhattan as coisas são elevadas a um novo nível.
Por lá, o diretor de uma empresa de arquitetura relatou que as divisórias de metal entre as paredes fazem o prédio ranger enquanto balança, além do assobio fantasmagórico do ar correndo entre os vãos das portas e dos poços dos elevadores.
Em uma parte do prédio, para se ter ideia, uma rampa usada para se jogar o lixo faz com que a queda dos sacos, segundo o NYT, pareça “uma bomba” quando os sacos são despejados. Por conta de todos os problemas, as despesas anuais aumentaram quase 400% em 2019, aponta um e-mail da administração do prédio.
Para completar a ira dos residentes, inicialmente foi prometido que o local teria um restaurante particular dirigido por um chefe com estrela no Guia Michelin, e que as despesas de alimentação para cada morador custariam apenas 1.200 dólares por ano. Mas, agora, cada morador tem que arcar não só com uma cobrança anual de US$ 15 mil, como também precisam pagar caso queiram tomar café da manhã.
Os problemas fizeram com que os residentes ficassem divididos em como lidariam com os infortúnios do prédio, o que criou uma rixa entre eles. “Todo mundo se odeia aqui”, garnate Sarina.
Tudo aqui era camuflagem”, disse ela. “Se eu soubesse então o que sei agora, nunca teria comprado", finaliza.
Dom Antônio de Orleans e Bragança recebia a "taxa do príncipe"?
Banco Central sob Ataque: Veja a história real por trás da série da Netflix
Outer Banks: Série de sucesso da Netflix é baseada em história real?
O Rei Leão: Existe plágio por trás da animação de sucesso?
Ainda Estou Aqui: O que aconteceu com Eunice Paiva?
Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme