Cartuchos do E.T. que foram enterrados - taylorhatmake via wikimedia commons
E.T. O Extraterrestre

Sucesso no cinema, ‘E.T. O Extraterrestre’ quase faliu a Atari e acabou despejado em aterro

Embora o clássico de Spielberg tenha se tornado um clássico dos cinemas, o mesmo não se pode dizer do jogo de video-game

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 06/11/2022, às 00h00

A indústria dos games manda no mercado do entretenimento. Atualmente, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), 74,5% dos brasileiros jogam jogos eletrônicos. 

Por conta disso, só em nosso país, o mercado dos games movimentou cerca de 2,3 bilhões de dólares no ano passado. Ao nível mundial, a expectativa é que essa marca ultrapasse os U$D 196,8 bi no mundo até o final de 2022. 

O sucesso de um jogo está além de seus gráficos ultra-modernos ou a popularidade de sua franquia. Narrativa, jogabilidade, a possibilidade de se juntar com amigos no mundo virtual, enfim, um greatest hit não se faz da noite para o dia. O gamer sempre foi muito exigente e indústria já aprendeu isso das maneiras mais inusitadas possíveis. 

E.T, Spielberg, joystick e o Atari

No natal de 1982, data prestes a comemorar 40 anos, o longa ‘E.T. O Extraterrestre’ estreava nas telonas brasileiras. Sucesso de Steven Spielberg, a produção se tornou um clássico, inspirando outras produções, como ‘Alf, o ETeimoso’ e até mesmo um jogo de Atari 2600: ‘E.T. - The Extra-Terrestrial’.

Importante ressaltar que, embora o filme tenha chegado às telonas tupiniquins apenas no natal, a produção estreou nos Estados Unidos ainda em junho. Ou seja, a ficção-científica já era bastante popular no mundo. 

Assim, em dezembro de 1982, o jogo de Atari chegava aos mercado norte-americano. Os produtores do game esperavam que o sucesso da película pudesse alavancar as vendas dos cartuchos. Erro grave. 

Conforme recorda matéria da BBC, muitos cartuchos foram vendidos, é verdade. Mas inúmeros foram devolvidos logo em seguida. O objetivo do video-game, mais ou menos como no filme, era ajudar o E.T. a encontrar peças de um telefone para poder “ligar para casa”. Assim, ele seria resgatado por uma nave espacial. 

O player, porém, teria que evitar cair em armadilhas que o fariam ser capturado por um cientista ou um agente do FBI. Além de ter uma gameplay complicadíssima, a jogabilidade não era das melhores e os bugs também eram constantes. 

"Parece ser um jogo decente no papel, mas é impossível acompanhar sem as instruções", aponta o youtuber Aqualung. "A única razão de as pessoas odiarem tanto o jogo é que eles não têm a mínima ideia do que fazer".

O destino dos cartuchos

Com o fracasso, o Atari passou por uma grande crise financeira — o que já se mostrava uma tendência em todo mercado, algo que só se normalizou quando os jogos de computador se tornaram mais populares. 

Neste mesmo tempo, recorda matéria da BBC, surgiu uma bizarra lenda urbana: a de que a empresa havia enterrado os cartuchos em um aterro sanitário de Alamogordo, na Cidade do México. Posteriormente, a área teria sido coberta por concreto. 

Então, em 2013, a Fuel Entertainment, desenvolvedora que tem escritórios no Canadá e em Los Angeles, conseguiu um aval para explorar a região em busca dos cartuchos perdidos. 

E.T. foi um dos primeiros videogames baseados em uma licença de filme, e um dos primeiros e mais intensos exemplos de badalação excessiva em entretenimento digital", declarou à BBC, na época, Mike Burns, presidente da Fuel Entertainment.

A Atari jamais confirmou o que aconteceu com os cartuchos do game, mas, na época, diversos jornalistas tiveram que se distanciar do local quando caminhões da empresa foram até uma fábrica na cidade de El Paso, no Texas.

Ex-funcionário do aterro na época, Joe Lewandowski chegou a relatar ao Alamogordo Daily News que viu "jogos e outros pequenos objetos da Atari" sendo enterrados no solo e depois sendo concretados. 

O fim do mistério

Enfim, em 26 de abril de 2014, o mistério foi desvendado. Após uma escavação, foram encontrados não só cartuchos do jogo do ‘E.T.’ como também do clássico ‘Pac-Man’, recorda matéria do G1. 

A escavação ainda ganhou o patrocínio da Microsoft e se tornou um documentário sobre os maiores segredos da história dos videogames. Estima-se que foram enterrados 3,5 milhões de cartuchos não vendidos.

Imagens da escavação/ Crédito: taylorhatmake via wikimedia commons

 

Conforme repercutido pelo portal especializado Polygon, alguns dos games, aliás, estavam em suas caixas originais e intactas, incluindo o manual completo e, obviamente, o cartucho. Desta vez, o chamo do E.T. só foi atendido após 30 anos e sem nenhum sucesso comercial.

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