Antes de entrar na Revolução, Koba trabalhou num Observatório de Meteorologia e escrevia poesias. Conheça algumas delas
André Nogueira Publicado em 17/09/2019, às 11h00
Antes de Stalin se tornar ditador soviético, o jovem georgiano passou por outras profissões. Depois de desistir do seminário de padres, o jovem Dzhugashvili entrou em seu primeiro trabalho remunerado: serviu o Império Russo numa base meteorológica na Geórgia, como Homem do Tempo.
Stalin, então, trabalhou pouco mais de um ano no Observatório Meteorológico de Tbilisi, onde sua escrivaninha é conservada até os dias atuais. De uma maneira bizarra, pois a velha guarda da equipe de meteorologistas de lá tem uma visão nostálgica da época em que o socialista trabalhava lá.
Ao mesmo tempo, é plenamente relatado que o tirano se destacava no emprego por sua pontualidade e cuidado, ou seja, grande profissionalismo. Na época (1899), tinha apenas 20 anos e nem possuía perspectivas de se tornar o brutal ditador e disseminador do Socialismo Real no mundo, apear de, na época, já ser afeito ao marxismo.
Seu trabalho, resumidamente, era captar diariamente a temperatura do solo e da atmosfera e relatar metodicamente em uma tabela. E, pelo jeito, o fazia bem. Porém, Koba aproveitava o espaço distante do Observatório para se reunir com outros revolucionários e conspirar. Isso deu certo até 1901, quando largou a meteorologia para fugir da Ojrana, a polícia czarista.
No entanto, o tempo de meteorologista de Stalin não foi seu ofício mais estranho, ou mesmo o mais deslocado da figura que conhecemos de Koba, o terrível. Antes mesmo de entrar na meteorologia, ainda em Tbilisi, Ioseb Dzhugashvili deixou alguns poemas em georgiano publicados na década de 1890 nos jornais Iveria e Kvali, que o socialista escrevia desde os 16 anos. Stalin assinava como Soso.
Veja duas traduções de poesias de Stalin.
Alba
Abriu-se a rosa do botão,
Na violeta se achegou,
E com o vento de raspão,
Na grama o lírio despertou.
No céu, o pio da cotovia
Passou por sobre o nuvaréu,
E o rouxinol fez cantoria
Do mato aos ninos, voz de mel:
“Floresça, meu Sakartvelo!
Na Pátria, que haja paz normal!
Irmãos, instruam no louvor
O amor por seu torrão natal!”
Torpe
Batendo em porteiras estranhas,
Pandeiros, violas ferozes
Das doces e humildes entranhas
Cantavam futuros com vozes.
A música, o canto luziam
Qual ouro, qual sol no pensar.
A graça e o transe traziam
Verdade celeste sem par.
Queimavam os peitos ouvintes,
Fogueiras queimavam as trevas,
Pedreiras ruíam, requintes
Alçavam de noites longevas.
Num susto, varridas as nuvens,
Caíram no chão agitados
E humanos, de alma em ferrugem,
Praguearam aos vates sagrados:
“O duro labor, se os vampiros
Não pagam, que fira o que é teu;
Mas reis se derrubam com tiros
Enquanto gozamos no breu”.
Luar
Como antes, voe sem fadiga
Por sobre a terra enevoada,
Dissolva as nuvens, muro em liga,
Com sua auréola prateada.
Ao horizonte espreguiçante
Deslize com sorriso terno,
O Monte Gélido acalante,
Kazbek a te aspirar eterno.
Mas saiba bem, quem fora inteiro
Prostrado em pó na terra mansa,
Com o Mtatsminda, Santo Outeiro,
Se iguala ainda na esperança.
Clareie este breu sem brilho
Com luzes pálidas, traquinas,
E, como outrora, retilíneo,
Lumine a pátria-mãe tão minha.
Eu vou dilacerar meu peito
Para você, dar minha mão
E ver, com ânimo desfeito,
De novo o luar em seu clarão.
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