De 1986 a 2013, Knight largou tudo e permaneceu afastado da civilização por um motivo bastante incomum
Vanessa Centamori Publicado em 14/07/2020, às 12h38
Em 1986, Christopher Knight não se despediu de ninguém. Aos 20 anos, adentrou a floresta na zona rural do Maine, no Nordeste dos Estados Unidos. Deixou seu carro para trás e seus suprimentos de acampamento. Um desejo bem forte o impulsionava: a ambição de ficar só.
No entanto, o que acontece com muitos de nós é que logo essa vontade passa. A solidão vira dor. Ainda assim, a vontade de fugir para a floresta não era momentânea para Kight. Com grande determinação, ele apagou seus próprios rastros — e foi assim por 27 anos.
Motivação
Sua história foi remontada pelo escritor Mike Finkel, autor do livro The Stranger in the Woods: The Extraordinary Story of the Last True Hermit (O estranho na floresta: A extraordinária história do último eremita verdadeiro).
Em entrevista feita pela rede BBC, Finkel revela que Chris Knight sentia desconforto ao estar perto de outras pessoas. Ele até tentou questioná-lo se realmente o motivo para seu retiro na floresta não seria a vergonha de algum crime. Mas, Knight negou.
Não era isso. Nenhum acontecimento específico originou sua fuga à mata, mas sim uma motivação interna bem incomum. "[Ele] disse que o impulso de ficar sozinho era como uma força gravitacional e que seu corpo inteiro dizia que se sentia mais confortável sozinho", contou o autor.
Rotina na selva
Solitário porque quis, Christopher Knight não falou com ninguém por quase três décadas. A não ser um turista, com quem ele cruzou um dia e disse "oi". O homem vivia afastado de qualquer interação humana.
Mais precisamente, residia em uma pequena clareira próxima ao lago North Pond. Lá ele ergueu uma tenda pequena de nylon onde vivia, escondido de tudo e de todos. Suportou invernos congelantes, que podem chegar aos 20°C negativos.
Ainda assim, Knight disse que nunca acendeu um fogo. Não queria que a fumaça trouxesse alguém para perto dele. Mas como conseguiu sobreviver no frio? segundo o eremita, ele ia dormir logo cedo, por volta das 19h.
Então, sua estratégia era colocar um despertador para as 3h da manhã, horário em que a noite fica mais fria. Desse modo, para sobreviver, ele levantava e caminhava no intuito de se aquecer até o amanhecer.
Uma vez que o frio era uma questão controlada, e a solidão? essa, ainda que não o afetasse tanto, também era contornada de certa forma. Knight gastava seu tempo acumulado com a leitura de livros, palavras cruzadas e jogando jogos em um gameboy furtado. Uma distração revelante, levando em conta que ele tinha anos a fio só para si mesmo.
O ladrão oculto
O eremita também fazia de tudo para não ser visto. Procurava ocultar suas pegadas na neve e se mantinha distante de cabines de verão, que estacionavam em áreas próximas. Em vez de fogueiras, ele usava fornos de propano para derreter neve que usava para tomar água e se limpar.
Os fornos eram itens roubados por Christopher Knight de cabanas e acampamentos locais. Sagaz, o homem entrava e pegava os cilindros de propano cheios, substituindo os equipamentos por outros já usados e vazios.
Outra coisa era que ele estocava alimentos nos meses frios. Muitas das comidas, roupas, baterias e livros eram roubados de um centro comunitário. No total, foram mais de mil furtos, e claro que eles não passaram despercebidos. A onda de crimes foi interrompida em 2013, quando Knight foi pego em flagrante.
Prisão
A prisão do norte-americano foi feita pelo guarda florestal Terry Hughes, no dia 4 de abril daquele ano. Na ocasião, o eremita estava no acampamento Pine Tree, na Geórgia, quando foi pego no flagra em mais uma tentativa de roubo.
A condenação foi de sete meses de prisão, os quais ele serviu ainda enquanto esperava a sentença (com exceção de apenas uma semana). Knight se demonstrou arrependido pelos furtos e pagou um valor monetário às vítimas. Entrou também em um programa de reabilitação.
Sobre sua experiência, ao escritor Mike Finkel, o eremita afirmou que "a solidão concede um aumento de algo valioso", tal como a sua percepção. "Mas... quando eu apliquei minha percepção aprimorada a mim mesmo, perdi minha identidade", disse.
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