Ditador líbio Muammar Kadhafi e Shweyga Mullah - Wikimedia Commons
Personagem

Shweyga Mullah: a babá que foi brutalmente torturada pela família de Muammar Kadhafi

Durante sua estadia na casa de Hannibal, a mulher também presenciou brutais violências contra outros funcionários

Daniela Bazi Publicado em 02/03/2020, às 17h03

Em 2011, a imagens de Shweyga Mullah, babá etíope que trabalhou para a nora do ditador líbio Muammar Kadhafi, com o rosto desfigurado após ser torturada com água fervente, chocou o mundo após serem divulgadas pela imprensa. A mulher havia sido encontrada por rebeldes líbios após a fuga de seus patrões.

Segundo ela, seu trabalho na casa era muito difícil. “Nunca recebi salário, nem um tostão sequer ao longo do ano que passei na residência do casal. Trabalhava noite e dia em troca de comida e de um lugar para dormir quando dava tempo. Minha vida era só trabalho. Não existia nada além disso”.

Shweyga também revelou que, antes de acontecer com ela, havia presenciado um outro funcionário, chamado Mohamed, que era responsável por lavar todas as peças de roupa e jogos de cama da casa, ser torturado com água fervente jogada em seu corpo.

O primeiro ato contra Mullah ocorreu por volta de julho de 2011, após a profissional recusar a agredir a filha de Hannibal e Aline Skaf. Ela teria tido suas mãos amarradas em suas costas, levada até o banheiro para que lhe despejassem água fervente em seu corpo.

Shweyga Mullah, babá dos filhos de Hannibal Kadhafi / Crédito: Wikimedia Commons

 

Logo após, a babá foi presa no banheiro por um dia, sendo proibida de sair de casa. Dez dias após o episódio, um dos guarda-costas do filho do ditador a levou até o hospital escondido, para que pudesse receber tratamento, onde permaneceu por pouco tempo. Aline acabou descobrindo a atitude e o prendeu na cadeia.

Mesmo com seu corpo infeccionado devido aos graves ferimentos, Shweyga foi obrigada a continuar a trabalhar, até seus patrões fugirem de Trípoli. Depois de dois dias escondida dentro de casa, ao lado de outro funcionário, acabou sendo encontrada por rebeldes libaneses, que a levaram de volta ao hospital.

“Eu só quero voltar para a Etiópia e ficar ao lado da minha mãe, de quem tenho muita saudade. Queria tanto ao menos poder ligar para ela, que nem deve saber o que aconteceu. Mas não posso, porque onde ela mora não há telefone.”, revelou a babá.

Apesar de reconhecer que existiam muitas pessoas boas no país, Mullah se recusou a permanecer na Líbia após tanto sofrimento. “Essa mulher [Aline Skaf] me impôs tanto sofrimento que eu quero que ela também sofra do jeito que eu sofri. Se for da vontade de Deus, serei vingada por tudo que passei”, desabafou.


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