'Grandes Guerras' permite a compreensão melhor do chamado “século de sangue” ou “era dos extremos”
Rodrigo Trespach, historiador e escritor Publicado em 24/07/2022, às 19h00
Bem poucos temas na história atraem tanto o interesse público quanto os dois grandes conflitos mundiais ocorridos na primeira metade do século 20 – a Grande Guerra (1914- 1918) e a Segunda Guerra (1939-1945). A destruição causada não tinha precedentes.
Num espaço de apenas três décadas, mais de 90 milhões de pessoas morreram. E mesmo a imensa bibliografia produzida sobre o tema parece não ser suficiente para a compreensão do que aconteceu. Arraigado ao senso comum, ainda está o entendimento de que as duas guerras opuseram heróis e vilões em uma luta por liberdade e paz. Mas isso não é verdade.
A complexa teia de eventos e relações que desencadeou o cataclisma de 1914-1945 já estava em curso muito antes de seu início, e teve desdobramentos que ainda hoje se fazem visíveis, não só no cenário político dos países diretamente envolvidos, mas em diferentes sociedades, por todo o globo.
Com um olhar mais amplo, 'Grandes Guerras' (HarperCollins Brasil, 2022) permite a compreensão melhor do chamado “século de sangue” ou “era dos extremos”, um período marcado por ultranacionalismos, regimes ditatoriais, ódio étnico e de classe e políticas de extermínio, respaldados com teorias científicas e sociais pregadas por pesquisadores e ensinadas em universidades.
Durante a Grande Guerra, a luta foi travada entre grandes impérios (com exceção da França, que era uma república). Já durante a Segunda Guerra, muita coisa havia mudado no tabuleiro político mundial: em posição oposta ao expansionismo alemão e japonês estavam potências democráticas (incluindo o emergente Estados Unidos) e o primeiro país socialista do mundo (a União Soviética), aparentes pilares da liberdade e da igualdade dos povos, mas tão predadores quanto os impérios, ditaduras ou ideologias que combatiam.
Depois de 1945, britânicos e franceses, ainda que enfraquecidos, mantinham colônias de exploração espalhadas pelo globo; e o comunismo soviético propagara um pernicioso modelo de ditaduras.
Sem usar de anacronismos, é possível repensar e talvez até mesmo ressignificar alguns conceitos, como liberdade e democracia, bem como refletir sobre ideologias ou doutrinas nocivas e aparentemente distantes ou contraditórias.
Quem realmente lutava por liberdade ou era livre e até que ponto as democracias defenderam homens “livres” ao longo dos dois cataclismas do século 20? Para compreender isso, é preciso conhecer o mundo da época, o que era tido como ciência, o que havia de tecnologia e quais eram os interesses geopolíticos.
Temos errado repetidas vezes ao longo da História. Parte do erro está em não conhecer o passado. A outra parte está em não aprender com ele. Algo em que a humanidade parece insistir.
Desde fevereiro deste ano, um país soberano europeu está sendo paulatinamente destruído por uma grande potência mundial, sob o olhar condescendente de líderes políticos internacionais hipócritas e incapazes de gerenciar crises. Com a ameaça cada vez mais real de uma Terceira Guerra Mundial é mais do que oportuno aprender sobre o passado.
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