Desafiado por amigos a comer um molusco que passava por seu terraço, Sam viu sua vida mudar completamente
Fabio Previdelli Publicado em 30/01/2021, às 11h00 - Atualizado em 04/01/2023, às 11h01
Parecia apenas um encontro de amigos na casa de Sam Ballard, de 19 anos, que era jogador de rúgbi. Na ocasião, um grupo de jovens australianos estava reunido no terraço da residência, onde bebiam vinho e jogavam conversa fora.
A cena já era recorrente, mas daquela vez tudo foi diferente. Tudo começou com uma brincadeira de jovens. "Será que você é corajoso o suficiente para topar um desafio?". Ballard achou que era. Na verdade, ele foi. Só não sabia das consequências que aquilo traria para o resto de sua vida.
Entre risadas, conversas e diversão, seus amigos perceberam que uma lesma passava pelo chão de onde estavam. Provocaram o companheiro para engoli-la viva. Ele o fez.
Estávamos sentados, tendo uma pequena noite de apreciação do vinho tinto, tentando agir como adultos e uma lesma veio rastejando”, relembrou Jimmy Galvin, amigo de Sam, ao The Sun.
Dias depois, o atleta começou a se sentir mal. Era 2010 e o pesadelo só estava começando.
Primeiro, Sam começou a sentir dores nas pernas, mas não sabia o motivo daquilo. Seus pais suspeitaram que poderia ser esclerose múltipla. A família do jovem tinha histórico da doença. Mas não era. Os exames mostraram isso.
Foi então que ele comentou com o médico que havia comido uma lesma por brincadeira. Novos testes constataram que Ballard havia contraído meningite eosinofílica, que é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis, presente nas fezes dos ratos.
Acontece que lesmas e caramujos são hospedeiros naturais desses parasitas, que muitas vezes são infectados aos consumires os coliformes fecais das ratazanas; o que era o caso daquele molusco ingerido pelo garoto.
Não demorou muito para doença evoluir em seu corpo, fazendo com que o jovem atleta ficasse em coma por longos 420 dias. Quando acordou, tudo estava diferente. Seu corpo já não respondia aos impulsos de seu cérebro. Ele estava paralisado, se alimentando através de aparelhos. A situação parecia — e era — irreversível.
Quando eu entrei [no quarto e o vi pela primeira vez], ele estava muito magro e havia cabos por toda parte — foi um grande choque”, relembra Michael Sheasby, outro amigo de Ballard.
Com o passar dos anos, Katie Ballard, mãe de Sam, passou a cuidar cada vez mais de seu filho. A história de angústia dela e do jovem comoveu todos os jornais locais e boa parte da mídia global. Todos torciam pela recuperação do garoto e acompanhavam de perto seu quadro médico.
Em entrevistas que concedeu, durante esse período, Katie nunca culpou os amigos de Sam pela condição que seu filho passou a viver. Muito pelo contrário, ela diz que eles estavam apenas “sendo amigos” naquela noite fatídica.
Ela reconheceu que aquilo havia mudado a vida de todos para sempre. “[A família] está devastada, mudou a vida dele para sempre, mudou a minha vida para sempre. O impacto é enorme”, declarou Katie certa vez.
Quando Sam recebeu alta de um hospital de Sydney, três anos depois de adoecer, passou a se locomover em uma cadeira de rodas motorizada. Naquele momento, seus companheiros o cercaram ainda mais.
Assim, eles criaram o “Team Ballard” e passaram a arrecadar dinheiro para os cuidados 24 horas por dia e 7 dias por semana que a condição do amigo exigia. Apesar do nobre gesto, o valor levantado nunca seria o suficiente para tratá-lo da maneira que necessitava.
O sofrimento do australiano durou longos anos, terminando em 2 de novembro de 2018, quando Sam veio a falecer. Segundo a imprensa local, Ballard morreu cercado de seus familiares e amigos mais íntimos.
De acordo com a jornalista australiana Lisa Wilkinson, que apresentou o programa que levou a história de Sam a ser reconhecida pelo país, as últimas palavras do jovem foram destinadas à sua mãe. Era um singelo: “Eu te amo”. O funeral de Sam Ballard aconteceu no dia 8 daquele mês, no Macquarie Park Cemetery & Crematorium.
“Sam foi um verdadeiro lutador e herói para seu irmão mais novo, Joshua, e sua irmã Melanie. Ele tinha um exército de amigos e familiares que o amaram e cuidaram dele, pelo que era muito grato. Seus últimos dias foram os mais felizes e ele estava cercado por uma sala cheia de amor”, declarou Katie.
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