Com o Plano de San Luís, Francisco Madero convocou o povo mexicano à luta contra um ditador. Entretanto, os eventos tomaram rumos inimagináveis
André Nogueira Publicado em 19/11/2019, às 08h00
Sete anos antes dos russos se levantarem contra o czar, uma revolução nacional tomava o México contra um ditador e em favor de projetos nacionais e regionais modernos. Porfírio Diaz foi ditador do país desde 1884, vencendo eleições fraudadas que o mantinham no poder. Responsável pelas primeiras reformas nacionalistas que foram implementadas em peso após a Revolução, seu governo foi caracterizado pela violência e desenvolvimento.
No entanto, a oposição de Diaz constantemente aumentava, pois seu despotismo e os entraves que fornecia ao desenvolvimento do México como Estado liberal fizeram com que a elite agrária do norte do país, comandados por Francisco Madero, organizassem um movimento nacional visando a derrubada do presidente.
O processo de derrubada de Porfírio Diaz foi longo e envolveu uma eleição: em 1910, foi realizada uma votação entre Madero e Diaz para a presidência, mas antes que o evento ocorresse, Madero foi preso em San Luís Potosí, por suposta incitação à rebelião. Uma fachada para que a reeleição do presidente não fosse impedida. Fugindo da prisão, Madero se refugiou no sul dos EUA.
Lá, criou o Plano de San Luís, no dia 20 de novembro de 1910, que marcou o início da Revolução Mexicana: naquele documento, convocava todo o povo mexicano a pegar em armas contra Porfírio, declarando inválida sua reeleição, assim como parte do aparato do Estado. Também se declarou Madero presidente do México e apelou-se ao Exército para que integrasse às forças revolucionárias.
A partir de então, diversos levantes se iniciaram por todo o país, o que incluía diversos grupos indígenas que não se viam representados nem por Porfírio nem por Madero. O principal nome desse movimento foi Emiliano Zapata. Desde 11 de novembro, tropas do exército e grupos revolucionários entraram em conflitos sangrentos nas ruas do país.
Nesse cenário, Madero retornou ao México, liderando o movimento nacional (o que resultou na sua eleição oficial como presidente). Porém, os movimentos que protagonizaram a Revolução Mexicana eram, muitas vezes, antagônicos. Um exemplo pode sere encontrado no conflito constante entre o projeto burguês de democracia liberal de Madero com o projeto de reforma agrária e reafirmação das formas tradicionais de organização, do lado de Zapata e Pancho Villa.
Por esse motivo, um dos eventos mais estranhos da revolução é completamente compreensível: diferentes de Madero, que entrou na Cidade do México para ficar, as tropas nortenhas de Villa e sulistas de Zapata se juntaram nos arredores da capital e invadiram a cidade com unidades indígenas, ocuparam o Palácio do Governo, sentaram-se à mesa da presidência, e foram todos embora para suas províncias.
Isso ocorreu porque nem Zapata nem Villa pretendiam governar o México, pois seus projetos políticos eram regionais e autônomos, e não um projeto nacional.
Toda a resistência que ocorria desde 20 de novembro deu frutos em 25 de maio de 1911, quando Porfírio Diaz entrega a declaração de renúncia à Câmara dos Deputados. Diante desse ato, o México oficialmente passava por uma Revolução.
A estrutura política do Estado passaria por diversas mudanças e os eventos seguintes ocorreram de forma confusa e esparsa. Muitos líderes da Revolução, como o próprio Madero enquanto presidente, foram assassinados a bala e a sucessão de líderes ocorreu de forma bastante perigosa até a acomodação da Revolução com Lazaro Cárdenas.
A Revolução Mexicana foi um evento extremamente importante para o mundo, sendo a primeira revolução nacional do século 20 e fundando uma era de rebeliões e mudanças estruturais que tornaria o mundo ainda mais complexo.
Seus principais líderes foram Emiliano Zapata, Pancho Villa, Pascual Orozco, Francisco Madero, Venustiano Carranza, Victoriano Huerta e Álvaro Obregón. Os últimos quatro foram presidentes do país e, tirando Huerta, todos morreram assassinados.
Saiba mais sobre esse evento pelas obras abaixo:
1. A Revolução Mexicana, de
2. À Sombra da Revolução Mexicana. História Mexicana Contemporânea. 1910-1989, de
3. A fotografia a serviço de Clio: uma Interpretação da História Visual da Revolução Mexicana (1900-1940), de https://amzn.to/35aTXP4 -
4. O Vento das Reformas: Lázaro Cárdenas e a Revolução Mexicana (1934-1940) , de
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