Corpo de 500 anos foi doado a museu do Estado de Michigan um século atrás
Joseane Pereira Publicado em 22/08/2019, às 08h00
Mais de 100 anos após ter sido doada ao Museu da Universidade do Estado de Michigan, a múmia de uma garota Inca foi devolvida ao governo Boliviano. Oficialmente, essa é a primeira vez em que remanescentes humanos são repatriados a um país dos Andes.
A Princesa
A múmia, conhecida como Ñusta (termo quíchua que significa Princesa), surpreende por seu ótimo estado de conservação. Vinda originalmente de uma região próxima a La Paz e datando de 500 anos, suas mãos ainda se agarram a pequenas penas e as tranças negras parecem ter sido penteadas recentemente.
“Apesar de ter sido chamada de Ñusta, ou Princesa, não sabemos se ela era realmente da realeza. Só poderemos responder isso com estudos de DNA”, afirmou William A. Lovis, professor emérito de antropologia da Universidade de Michigan que ajudou no processo de repatriamento.
Segundo Wilma Alanoca, ministra da Cultura da Bolívia, nos últimos anos o governo conseguiu repatriar vários bens arqueológicos, mas esta ocasião é inédita. "É a primeira vez em que recuperamos um corpo, uma múmia do período Inca", afirmou ela.
Ñusta teria cerca de oito anos quando faleceu, sendo enterrada em um vestido de fios de lhama. Acredita-se que ela pertenceu ao grupo étnico Pacajes, e em seu túmulo foram colocadas sandálias, bolsas, penas e vários tipos de plantas, incluindo milho e coca.
"É possível que a garota fosse importante e que os objetos tivessem tanto relevância sagrada como um propósito útil", afirmou Lovis. "Outra possibilidade é que sua morte tenha sido um sacrifício para apaziguar divindades Inca”.
Para David Trigo, diretor do Museu Nacional de Arqueologia de La Paz, objetos bem guardados abrem novas portas para uma sociedade que mal foi estudada. "Podemos dizer que ela era um membro importante de seu grupo étnico", afirmou Trigo. Os restos mortais da garota estão sendo preservados no Museu Nacional de Arqueologia, em La Paz.
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