Estudo publicado na Royal Society Open Science no ano de 2018 revelou importantes informações sobre a confecção de adagas de ossos na Nova Guiné
Giovanna Gomes Publicado em 31/07/2024, às 21h00
Guerreiros que viviam na Nova Guiné utilizavam adagas confeccionadas com ossos humanos para lutar contra seus inimigos, conforme revelou um estudo publicado na Royal Society Open Science no ano de 2018. Relembre a pesquisa abaixo!
Confeccionadas a partir dos ossos da coxa de aves casuares ou dos ossos de ancestrais humanos, essas armas eram de grande importância cultural e prática.
Na época, como repercutido pela CNN Internacional, foi dito que os guerreiros frequentemente obtinham ossos humanos da coxa dos esqueletos de seus pais ou de outros homens respeitados na comunidade.
Paul Roscoe, antropólogo cultural e coautor do estudo, explicou, em 2018, que essas adagas carregavam uma aura espiritual, como se os guerreiros levassem seus ancestrais para a batalha.
Até a década de 1970, na região de Sepik, os homens usavam essas adagas em grandes ataques ou emboscadas de grupos vizinhos. O combate começava à distância com lanças e flechas, e as adagas eram usadas em confrontos corpo a corpo para esfaquear os oponentes no pescoço.
Além de serem armas eficazes, as adagas em questão eram ornamentos cerimoniais valorizados, usados visivelmente no bíceps, com desenhos e padrões elaborados que projetavam poder e ameaça.
Nathaniel Dominy, antropólogo biológico e principal autor do estudo, encontrou uma coleção de adagas de osso da Nova Guiné no Hood Museum of Art no Dartmouth College, onde dá aulas. Intrigado pela ornamentação e pela diferença entre os ossos utilizados, Dominy questionou se essas adagas diferiam em termos de eficiência mecânica.
Vale mencionar que, embora poucas pesquisas tenham sido realizadas sobre esses objetos, já se especulava que as adagas de osso humano eram mais prestigiosas.
Por padrão, você herdou todos esses poderes, a magia e os direitos daquela pessoa que entregou o osso", acrescentou Dominy.
Para investigar o tema, Dominy e seus colegas realizaram tomografias computadorizadas de 11 adagas — cinco delas feitas de osso humano e seis de osso de casuar — do final do século 19 e início do século 20.
Eles simularam a aplicação de força nas adagas e descobriram que, embora as propriedades mecânicas fossem semelhantes, os fabricantes de adagas humanas mantiveram a curvatura redonda do osso da perna para criar uma arma mais forte. Em contraste, os ossos de casuar tinham suas laterais removidas, criando um design mais plano e, consequentemente, mais fraco.
O estudo sugere que a adaga feita com os ossos das aves pode ter sido projetada para aumentar o conforto ao ser usada no braço ou para reduzir o atrito ao ser inserida em uma vítima.
Dominy explicou que, enquanto as adagas de osso de casuar conseguiriam ser facilmente substituídas, uma adaga de osso humano tinha um valor utilitário e simbólico insubstituível. Portanto, os fabricantes investiam mais para proteger e maximizar a longevidade dessas adagas preciosas.
+ Confira aqui o estudo completo.
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