Derretido em decorrência da crise ambiental, a parte do corpo chamou atenção pela preservação nunca antes vista
Ingredi Brunato, atualizado por Wallacy Ferrari Publicado em 12/10/2021, às 07h00
Os efeitos devastadores do aquecimento globam já reverberam em problemas ambientais nos dias atuais, longe do pior cenário possível; na Sibéria, local mundialmente conhecido pela presença de gelo, é comum um tipo de solo chamado permafrost,que consiste em rochas e gelo que permanece sólido o ano todo.
Nos últimos anos, porém, o permafrost tem derretido - e com esse fato, ele tem revelado diversas restos do passado que foram preservados em baixíssimas temperaturas. A cabeça de lobo encontrada em 2019 foi uma dessas maravilhas; suas presas e cérebro estavam incrivelmente preservados, embora o animal tivesse vivido há impressionantes 32 mil anos, no período do Pleistoceno, durante o declínio da Era do Gelo.
A descoberta foi feita por caçadores de presas de mamute, que desenterram as antiguidades do gelo por conta de seu valor comercial. Após encontrarem acidentalmente a cabeça decapitada, eles decidiram entregá-la a Albert Protopopov, o chefe do departamento de estudos sobre mamutes da Academia de Ciências de Yakutia.
Para desvendar o mistério que a cabeça de lobo praticamente intacta representava, Protopopov pediu ajuda internacional. Na Universidade de Jikei, em Tóquio, a cabeça recebeu uma tomografia computadorizada, já no Museu de História Natural de Ciência da Suécia o cientista David Stantou ajudou a determinar a idade da peça.
"Fizemos datação por radiocarbono de um pedaço de tecido com uma empresa norte-americana chamada Beta Analytic", explicou Stanton, que é pesquisador em paleogenética evolutiva, em entrevista à BBC News Mundo.
Essa datação teria sido feita por duas equipes independentes, e a combinação dos valores de ambas foi o que permitiu a conclusão de que o espécime possuía 32 mil anos, com uma margem de erro de menos de 500 anos.
O lobo era também um adulto - tinha entre dois e quatro anos - e possui dimensões diferentes das encontradas na espécie atualmente, segundo relatam os cientistas. Seu crânio tem 40 centímetros, enquanto os de lobos-cinzentos modernos (espécie mais comum atualmente) têm crânios de em média 30 centímetros.
Outra diferença que vale a pena mencionar são suas presas, mais poderosas do que as encontradas nas mandíbulas dos lobos de hoje, indicando que o ancestral tinha uma dieta que incluía também animais maiores, como bisões e cavalos.
As análises, porém, ainda podem revelar muito mais sobre a cabeça de lobo, segundo Stanton: "Tentamos extrair DNA sem muito sucesso da pele, então agora vamos tentar extraí-lo dos dentes. Se conseguirmos DNA de boa qualidade, tentaremos sequenciar o genoma do lobo, e isso nos permitirá procurar responder a diferentes perguntas”.
Uma dessas perguntas a que o cientista se referiu, teria causado a extinção desse espécime de lobo mais avantajado, por exemplo, enquanto o lobo moderno sobreviveu. Esse tipo de estudo é relevante para serem elaboradas previsões de possíveis extinções futuras - e para que possamos prevenir essas extinções de acontecerem.
A cabeça do lobo também é valiosa no entendimento da evolução dos lobos e cães, levando os especialistas a se aproximarem do elo perdido entre as espécies do passado e do presente.
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