Montagem com Tim Maia no palanque do Senado Federal - Divulgação
Personagem

Quando Tim Maia anunciou sua candidatura para Senado pelo PSB

O músico encarnou o Serjão da MPB e manifestou que iria defender os músicos brasileiros com unhas e dentes. “Se o Enéas pode ser candidato a presidente, eu posso ser senador", declarou

Wallacy Ferrari Publicado em 24/02/2020, às 12h00

Tim Maia passou os anos 1990 quase que inteiros protestando contra a imprensa e os produtores fluminenses. Em toda entrevista, manifestava desgosto ao falar do Grupo Globo em relação a sua ausência nos programas da emissora; da MTV por internacionalizar sua programação; da Record por pura raiva de evangélicos; sobrando até mesmo para Silvio Santos, que recebeu críticas sobre os equipamentos de som durante o programa Jô Soares Onze e Meia.

Tudo em relação aos meios de comunicação o incomodava de algum jeito quando o assunto era os músicos. De acordo com Tim, em entrevista a Jô Soares, a imprensa brasileira é comparável “a um médico aborteiro”: “Ele jurou salvar vidas e depois abre uma clínica de aborto e faz 20 abortos por dia. Perdeu o rumo”. Em 1997, entretanto, decidiu que seria a mão do músico brasileiro no congresso nacional.

Convocou a mesma imprensa que o criticava para anunciar sua filiação ao PSB e sua candidatura para o cargo de senador pelo Rio de Janeiro. O músico chegou a estampar a capa da revista República afirmando ser um personagem chamado Serjão da MPB, a favor dos músicos. De terno black-tie e gravata borboleta, a capa estampava os dizeres “Chama o Senador!”, em referência a musica W/Brasil, de Jorge Ben Jor, que chama o síndico Tim Maia .

Tim Maia, na capa da revista e anunciando sua candidatura pelo PSB - Divulgação

 

Quando o músico foi perguntado do motivo de se filiar a um pequeno partido de esquerda, abusou do sarcasmo e deu seu toque único nas palavras: “O Brasil é o único país onde, além de puta gozar, cafetão ter ciúme e traficante ser viciado, pobre é de direita”, afirmou o músico de acordo com a biografia “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, escrita pro Nelson Motta.

Em entrevista ao jornal Notícias Populares, afirmou que, modéstia à parte, já estava eleito, porém, não seria unicamente um candidato dos músicos; manifestou a necessidade dar acesso ao ensino superior para a população negra: “Tem a PUC (Pontifícia Universidade Católica), tem greco-romana, anglo-brasileira, só não tem para preto, porque preto não estuda no Brasil”.

Brincou também com a direita brasileira quando foi perguntado se tem algum partido que o representava. Com tom de ironia, respondeu o extinto PRONA: “Se o Enéas pode ser candidato a presidente, eu posso ser senador. Poderia fazer melhor que ele, não sou tão egocêntrico” afirmou Tim.

Com a candidatura anunciada, Tim diminuiu o fluxo de shows  para os preparativos na candidatura, durante a virada de 1997 para 1998. Entretanto, com problemas sérios de saúde, teve de cessar as duas atividades. Faleceu em 15 de março de 1998, antes da eleição, vítima de um edema pulmonar.


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