O conceito de dar volume e densidade ao cabelo artificial foi moda durante os séculos 17 e 18 — mas tem uma origem nada higiênica
Wallacy Ferrari Publicado em 07/07/2020, às 09h00
Alcunhadas popularmente como “perukes”, as perucas pulverizadas com pó foram o auge da moda capilar durante dois séculos na Europa, mas tiveram uma origem um pouco menos glamorosa do que suas ocasiões de uso. De uso majoritariamente masculino, o pó presente nos itens de luxo tinha um sentido ligado ao posicionamento social, saúde e até mesmo idade.
Normalmente, as perucas eram polvilhadas com um material próprio para acentuar a cor branca. Nos casos femininos, o uso de tal pó não era feito apenas em perucas, mas também jogado direto no penteado, junto a apliques de cabelos artificiais ou de origem animal, como crinas de cavalos. As mulheres também não davam preferência unicamente ao branco.
Por se tratar de um amido moído e perfumado com flores — lavanda, raiz de orris ou flor de laranjeira — os pós poderiam desenvolver uma tonalidade azul, rosa ou amarelo, mas eram tratados de maneira que fossem cada vez mais esbranquiçados. O auge do seu uso foi entre os séculos 17 e 18, coincidindo com outra coisa que esteve em alta: as doenças sexualmente transmissíveis.
A relação com as DSTs
O impacto da disseminação da sífilis a partir do século 15 fez com que as DSRs se tornassem a pior pandemia da Europa desde a Peste Negra — o que não poupou classes sociais. Os ricos, no entanto, tiveram uma ideia brilhante para ao menos driblar a falta de antibióticos e os sintomas claros de danos ao corpo causados pelas doenças.
Com o pó, as perucas mais densas e volumosas conseguiam tapar as marcas das enfermidades, como feridas abertas e erupções cutâneas desagradáveis. Porém, o principal fator para a prática ser aderida atingiu principalmente os homens afetados; um dos principais fatores da sífilis era a calvície.
Com quedas notáveis seguindo o fluxo de nascimento do cabelo, os rapazes da elite se desesperavam com a possibilidade de perder as longas madeixas, que eram símbolos de status da moda. Por isso, além de dar volume aos apliques artificiais, poderia preencher os cantos da cabeça onde a condição era ainda mais notável.
Uso necessário e vergonhoso
Uma das principais figuras da história que fizeram uso das perucas de pó foi o rei Luís XIV da França, que passou a notar alguns sintomas da sífilis aos 17 anos, tendo uma considerável perda de cabelo. Para amparar a situação, o monarca contratou 48 estilistas especializados em perucas para tentar salvar sua imagem. A técnica do pó foi eficiente e posteriormente recomendada ao primo de Luís, o rei Carlos II da Inglaterra.
Alguns registros históricos relacionam o rei britânico com a sífilis, dando ainda mais crédito a invenção de que a técnica caía como uma luva aos doentes. Porém, diversos homens da alta sociedade aderiram a moda pelo simples fato de que dois importantes reis faziam uso, tornando o item um objeto de desejo, mesmo sem a sífilis.
Após a Revolução Francesa, os traços da monarquia — incluindo as perucas — foram desaparecendo gradativamente no país. Já no Reino Unido, William Pitt chegou a instaurar um bizarro imposto anual sobre o uso das perucas em pó, em 1795, também afastando a elite de seu uso, tornando moda os cabelos curtos e naturais nas décadas seguintes.
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