Em entrevista dada a uma rádio universitária, Kurt Cobain refletiu sobre a história do gênero e o perfil de seus intérpretes
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 10/12/2024, às 20h00
Uma entrevista com Kurt Cobain revela o vocalista do Nirvana expressando sua crença de que pessoas brancas não deveriam fazer rap.
A conversa aconteceu em 20 de setembro de 1991, na Opera House, em Toronto, Canadá, durante a turnê do álbum Nevermind. Conduzida por Roberto Lorusso, então estudante universitário e músico, a entrevista foi realizada para uma rádio estudantil e publicada online em 2018, conforme repercutido pelo The Independent.
Ao ser questionado sobre o grupo ativista Consolidated, formado por músicos brancos que incluíam rap em suas performances, Cobain foi direto: "Sou fã de rap, mas a maioria é tão misógina que nem consigo lidar com isso. Respeito e amo totalmente [o gênero], porque é uma das únicas formas originais de música que surgiu, mas o homem branco fazendo rap é como assistir a um homem branco dançando. Nós não podemos dançar, não podemos fazer rap".
Opiniões semelhantes foram compartilhadas por Cobain em uma entrevista à Billboard no mesmo ano: "Acho que o rap é a única forma vital de música introduzida em muito tempo, desde o punk rock. Eu nunca faria rap. Não faz sentido. As pessoas que fazem rap fazem muito bem. Geralmente me ofendo com pessoas como Vanilla Ice e coisas assim."
Kobain ainda afirmou que: "O homem branco roubou o homem negro por tempo suficiente. Deveríamos deixar o rap para os afro-americanos, porque eles o fazem muito bem e é essencial para eles."
Desde sua morte em 1994, Cobain e sua música permanecem influentes no universo do hip hop. Artistas como Jay-Z, Kanye West e Kendrick Lamar já utilizaram amostras ou referências de suas canções, incluindo Smells Like Teen Spirit e Burn the Rain.
Ao The Independent, também em 2018, Roberto Lorusso confessou que a entrevista ficou aquém do esperado. Em um post intitulado "Minha entrevista embaraçosa com Kurt Cobain", ele refletiu: "Não estou sendo modestamente autodepreciativo quando digo que isso é objetivamente experimental para todos os padrões jornalísticos. Minhas perguntas foram mal elaboradas e minha pesquisa estava incompleta."
O estudante também comentou sua impressão final da conversa: "Tive uma sensação vaga de que Cobain não estava realmente curtindo o sucesso da banda. Anos depois, ficou claro o porquê. Sucesso não significa nada se seu mundo está desmoronando. A depressão é uma ladra cruel que esvazia sua vida, roubando momentos fugazes de alegria."
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