Durante mais de um século, historiadores negavam que os descendentes da escravizada eram frutos de uma relação abusiva com seu dono
André Nogueira Publicado em 03/02/2020, às 13h09
Sally, apelido de Sarah Hemings, foi uma escrava que realizava trabalhos forçados na fazenda do ex-presidente dos EUA, Thomas Jefferson, com quem teve seis filhos e uma espécie de romance após a morte da primeira-dama Martha Jefferson, em 1782. A vítima era parte da "herança" deixada pela mulher do politico, chegando à Mansão Monticello quando criança.
Sally era a filha mais velha de um relacionamento forçado entre o agricultor John Wayles e a sua escrava Betty Hemings. Tendo parte do sangue europeu, ela era meia-irmã da esposa de Jefferson. Por conta dessa relação, ela foi escolhida para acompanhar Mary, filha mais nova de Thomas, em uma viagem para Londres e, depois, para Paris, onde o ex-presidente trabalhava como Ministro dos EUA.
Sally passou dois anos na França, mas nunca deixou o status de escravizada. Dizendo ter uma relação amorosa com a mulher, Jefferson nunca a concedeu a alforria. Do bizarro relacionamento entre essas partes, nasceu a controvérsia Jefferson-Hemings, conhecida nos EUA. Discute-se ainda hoje a procedência dos seis últimos filhos do presidente, que se falava serem filhos legítimos dele com a escrava.
Com minuciosas análises documentais, traçou-se a hipótese de que todos era seus filhos e, em 1998, foi possível realizar-se um estudo do DNA da linhagem masculina de Jefferson, que demonstrou correspondência dos genomas dele com os descendentes de Eston, último filho de Sally. A partir de então, ficou comprovada a paternidade do ex-presidente.
Os filhos de Hemings mantiveram-se escravizados pela família Jefferson, e treinados para serem artesãos. Apenas quando a mãe já era idosa, e quando os quatro filhos que sobreviveram já eram adultos, eles foram alforriados. Beverly, Harriet, Madison e Eston passaram a viver livres nos EUA, sendo que três deles conseguiram acessar escolas para brancos, devido sua ascendência.
Com a saída das crianças da casa de Jefferson, Sally também foi libertada, passando a viver junto a seus filhos Madison e Eston em Charlottesville, na Virgínia, chegando a presenciar o nascimento de um neto. Hoje em dia, a controvérsia que envolve seu nome foi praticamente resolvida, e coloca Sally como um famoso símbolo das relações abusivas entre senhores e escravos nas fazendas dos EUA.
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