Afinal, qual era a finalidade dos jarros de pedra que cobrem a planície?
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/04/2021, às 09h48
A revista científica Plos One publicou recentemente um estudo que atualizou o conhecimento que a comunidade científica possuía a respeito da misteriosa “Planície dos Jarros”, localizada em Xieng Khouang, uma província da República Democrática Popular do Laos.
O sítio arqueológico, cuja existência foi notificada ao mundo pela primeira vez na década de 30, constitui-se de um campo repleto de enormes jarros de pedra de até 3 metros de altura dispostos pelo chão.
De acordo com o Epoch Times, uma das hipóteses mais populares para a utilidade dos artefatos é de que os povos antigos que moravam na região usavam esses curiosos itens para depositar mortos de maneira temporária.
Então, quando os cadáveres já estavam em um estado de decomposição avançado, restando principalmente os ossos, eles eram retirados dos recipientes de pedra e enterrados em algum outro lugar ou possivelmente cremados.
Um detalhe é que, embora hoje os jarros sejam abertos, os especialistas acreditam que existiam tampas para cobri-los no passado.
Conforme repercutido pela Live Science, os jarros teriam sido usados como cemitério por mais de 3.000 anos. A nova pesquisa, entretanto, encontrou restos mortais próximos aos objetos que foram enterrados entre 700 e 1.200 anos atrás - portanto, muito mais recentes.
Isso muda totalmente a maneira como os especialistas encaram a planície, fortalecendo a hipótese de que essas urnas funerárias de pedra eram reutilizadas.
"O que presumimos disso é o significado ritual duradouro desses locais. Eles foram importantes por muito tempo”, relatou a arqueóloga Louise Shewan, que foi co-autora do estudo, em entrevista ao veículo.
Os especialistas classificaram os túmulos encontrados na mesma região das jarras como seguindo três tipos de rituais funerários diversos. Em alguns casos, foram desenterrados esqueletos inteiros, em outros, apenas alguns ossos, e um terceiro caso foi de restos mortais contidos em jarras de materiais menos maciços que as encontradas sob a superfície.
Segundo consta no Live Science, aliás, enterros em jarras também já foram uma prática comum nos países asiáticos durante diferentes períodos históricos.
A despeito da publicação do trabalho dos pesquisadores ter ocorrido apenas este ano, em 2021, suas pesquisas já ocorrem desde 2016, quando Louise e seu colega, o arqueólogo Dougald O'Reilly, fizeram sua primeira expedição à Planície dos Jarros.
Vale dizer que existe mais de um local em Lao onde é possível constatar a presença dos instigantes objetos de pedra, em particular na porção norte do país, todavia a dupla limitou-se a estudar o campo que é tombado pela UNESCO, onde existem 400 jarros espalhados no decorrer 24 hectares.
Uma questão que ficou em aberto após essas novas descobertas é se existe relação entre esses sepultamentos e os jarros de pedra. “Se eles [as pessoas que usaram o local para enterrar seus mortos no solo] eram culturalmente relacionados às pessoas que fizeram os potes é uma questão que ainda não podemos definir”, afirmou O'Reilly durante a entrevista ao Live Science.
Estudos futuros também precisam determinar de onde veio o material que forma os objetos de pedra. Uma das outras constatações da dupla de arqueólogos, por exemplo, foi de que o arenito com o que era feito um dos jarros vinha de uma pedreira a 8 quilômetros dali, de forma que surge a dúvida adicional de como foi esse transporte.
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