Foto de Dorothy e Paul, junto a uma manchete do escândalo - Divulgação
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Perdoados por Hollywood: o assassinato cometido por Paul Kelly contra um marido alcoólatra

Ray Raymond e Dorothy Mackaye eram um dos melhores amigos de Paul, mas a situação do casal precisava de uma intervenção

Wallacy Ferrari Publicado em 15/04/2020, às 10h46

Em uma indústria tão concorrida, são poucas as pessoas que conseguem garantir um espaço no cinema. Paul Kelly teve essa oportunidade quando a mãe, que morava próximo aos estúdios da Vitagraph, era constantemente consultada para emprestar móveis e decoração para ajudar em gravações. Em troca, apenas pediu que empregasse o filho.

Com dificuldades financeiras, o primeiro papel, no curta-metragem Jimmie’s Job, de 1911, dava a oportunidade dos sonhos para muitos atores. Sabendo disso, Paul fazia questão de dar o seu melhor nas telonas, mas não esperava que o escândalo mais impactante de sua carreira não só seria perdoado como possibilitava sua segunda chance.

Paul era um ator versátil, que sabia trabalhar na televisão, cinema e teatro e fazia questão de usar suas técnicas para atingir papéis de reconhecimento nacional no início de Hollywood. Com um topete indefectível e um olhar galanteador, foi um dos primeiros atores mirins a receber papéis de protagonismo no cinema, aos 12 anos.

Paul Kelly atuando aos 12 anos de idade no cinema mudo / Créditos: Divulgação

 

Tudo encaminhava Paul ao sucesso, visto que, além de ser uma das primeiras crianças a atuar profissionalmente no cinema mudo, cresceu rodeado de boas produções e encaixou perfeitamente nos palcos da Broadway, onde venceu diversas premiações enfrentando diversos nomes notórios, como Basil Rathbone e Henry Fonda.

Quando almejou uma oportunidade ainda maior, decidiu se mudar de Nova York, onde ainda participava de produções da Broadway com frequência, e onde fazia papéis na Vitagraph e Paramount, para tentar o sucesso em Los Angeles, onde o cinema emergia. Junto a ele, se mudaram para uma casa o casal Ray Raymond e Dorothy Mackaye.

Ray Raymond era amigo de Paul Kelly e chegou a compartilhar os palcos da Broadway com o parceiro, que era conhecido em Nova York por ser um excelente cantor e dançarino, chegando a compor o elenco da trupe Ziegfeld Follies. Sua esposa Dorothy também havia feito certa fama nos palcos, mas havia gravado também alguns filmes mudos.

O escândalo que assustou Hollywood

Paul ascendeu rapidamente na cidade-polo da indústria cinematográfica e concluía as gravações de The Poor Nut, em 1927, quando começou a se envolver emocionalmente com Dorothy, que além de sofrer com Ray pela agressividade, tinha Kelly como amigo confidente nos momentos de solidão. A atração se tornou cada vez mais intensa entre ambos.

Raymond, por sua vez, não conseguia exercer a mesma autonomia do amigo na esfera pessoal e profissional, conseguindo poucos papéis de destaque em Hollywood. Se afundou no alcoolismo e transformou uma união edificante em um casamento abusivo, com constantes agressões físicas. Kelly, por sua vez, disse que não perdoaria o amigo caso visse a cena.

Em uma ocasião, Dorothy foi novamente agredida e não perdoou: ligou aos estúdios, pedindo para que Paul Kelly fosse o mais rápido possível ao apartamento. Ao chegar, começou uma discussão com Raymond, que o acusava de ser o amante da esposa. Kelly retrucou, afirmando que não era justificativa para as agressões, resultando em uma luta corporal entre os atores.

Manchete relatando os atores envolvidos no caso, com grande cobertura na imprensa / Créditos: Divulgação

 

Kelly se deu melhor e, na versão de Dorothy, apenas havia acertado um soco em Ray, que caiu em uma quina e sofreu um traumatismo craniano. Porém, a investigação concluiu que o dançarino sofreu diversas pancadas na cabeça contra o chão. Raymond morreu dias depois no hospital, mas conseguiu, nas poucas vezes que falou, apontar o ator como seu agressor.

As cartas de ajuda trocadas por Dorothy e Kelly serviram de evidência para uma acusação de conspiração criminosa entre amantes, colocando a moça por 10 meses na prisão e Kelly, por 25. Quando saíram, a liberdade condicional impossibilitava que ambos casassem ou tivessem empregos no ramo artístico por 18 meses, o que foi cumprido rigorosamente. No décimo nono mês, ambos retornaram a Broadway e se casaram.

Juntos, edificaram uma fama notória que rapidamente apagou o escândalo, amplamente coberto pela imprensa. Com a habilidade de contar histórias, chegaram a transformar a vida no roteiro do filme Ladies They Talk About, em 1933. O casal ficou unido até 1940, quando Dorothy faleceu em decorrência de complicações após um acidente automobilístico.


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