Nascida em um campo de concentração na Alemanha, Anita conta sua trajetória no livro de memórias “Viver é tomar partido” lançado ontem pela Editora Boitempo
Isabela Barreiros Publicado em 14/11/2019, às 08h00
Filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, Anita Leocádia Prestes é historiadora, professora aposentada da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e militante comunista. Desde cedo, Anita já sabia qual era o seu papel na sociedade brasileira.
Quando sua mãe Olga Benário foi enviada pelo então presidente Getúlio Vargas à Alemanha por ser judia e por alegação de "atividades subversivas”, Anita ainda estava em seu ventre. Ela nasceria ainda em território alemão, mas, aos 14 meses, foi enviada ao México para viver em exílio junto de sua avó Leocádia e sua tia Lygia.
“Viver é tomar partido” dá nome ao novo livro de memórias escrito por ela, que conta tanto a sua própria trajetória quanto a da militância revolucionária no Brasil, lançado pela Editora Boitempo.
Mas a frase dita pelo filósofo marxista Antonio Gramsci também fez parte da infância comunista da garota, que ouvia repetidamente de seus pais que sim, viver é tomar partido. “Fui educada para me posicionar politicamente”, disse. Em entrevista à Universa, Anita Prestes falou sobre a realidade do Brasil atualmente, a ideologia seguida por seus pais e também por ela mesma, e alguns outros detalhes da narrativa de sua vida.
"Sabia quem meus pais eram desde bem pequenininha", disse. Influenciada pelos familiares, ela se tornou uma grande estudiosa do comunismo. Estudando o contexto do Brasil, ela alega que a doutrina marxista nunca foi perigo algum ao país, e que ainda hoje a esquerda, fragmentada, não consegue se estabelecer como alternativa.
"Você veja, hoje em dia, o comunismo não está representando nenhum perigo. Nem em 1964 representava esse perigo todo que se dizia na época. Mas é usado como bandeira, é um inimigo inventado para articular adeptos. É o bode expiatório. No golpe de 1964, quais eram as bandeiras? Contra o comunismo e contra a corrupção, exatamente o que está sendo dito agora”, explica. "[A esquerda] está desorganizada, pulverizada, sem rumo. A curto prazo, não vejo saída. Vai depender de mobilização, de organização”, completa.
Mesmo assim, Anita coloca o socialismo como “a única saída”. “[...] o capitalismo se move por contradições cada vez mais graves, que vemos aumentando, como a concentração de renda. Há um pequeno número de milionários enquanto aumentam as milhões de pessoas em situação mais desfavorável”, alega. “Vai levar tempo para forças sociais e políticas organizadas conseguirem levar adiante um projeto para derrubar o capitalismo. E não tem jeito, a única saída é o socialismo. Quando vai ser não dá para adivinhar. Mas vai surgir, não tenho dúvida, é uma necessidade histórica”.
Nos dias de hoje, no entanto, o que rege é um risco ao Estado de Direito garantido pela Constituição brasileira. "O presidente Jair Bolsonaro tem posições de caráter fascista, como elogiar um torturador da ditadura. Ele e seus filhos caminham para isso. Tudo vai depender da organização da resistência para contê-lo”, admite.
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