Estudo sugere que esqueleto encontrado na China em 2010 não era um ‘ladrão de tumbas’
Isabela Barreiros Publicado em 13/11/2021, às 08h00
Em 2002, trabalhadores de uma construção civil se depararam com um cemitério que contava com cerca de 12 tumbas na vila chinesa de Shiyanzi, região de Ningxia. Alguns anos depois, entre 2009 e 2011, arqueólogos descobriram um esqueleto diferente.
Na época, os pesquisadores tentavam entender o que a construção de um gasoduto no começo dos anos 2000 havia revelado. Os restos mortais, — que não estavam enterrados como os outros, em túmulos —, foram encontrados em um poço acima da tumba.
A primeira hipótese sugerida foi a de que o indivíduo era um ladrão de túmulos, prática comum em que pessoas invadiam cemitérios para roubar artefatos valiosos que eram enterrados com os mortos. Ele teria morrido enquanto tentava invadir a tumba.
No entanto, o que um novo estudo sugere é que, na verdade, o homem foi assassinado nas proximidades do cemitério ou ainda dentro dele. A pesquisa foi publicada no dia 16 de outubro no periódico Archaeological and Anthropological Sciences.
Para começar a investigação, os cientistas compararam as idades dos esqueletos enterrados na tumba com a do indivíduo, que tinha por volta de 25 anos quando morreu. A técnica da datação por radiocarbono foi usada no estudo.
Eles concluíram que o homem viveu durante o século 7, cerca de 700 anos depois de as pessoas enterradas terem morrido, visto que elas datam de cerca de 2 mil anos.
O cemitério guarda três esqueletos, que provavelmente consistem em uma família rica devido ao tamanho da câmara mortuária, com 18 metros quadrados. Tratam-se de um homem e uma mulher adultos e um jovem de gênero ainda não identificado.
Segundo o principal autor da pesquisa, Qian Wang, da Texas A&M University's College of Dentistry, “o status social dos ocupantes originais seria alto". Ele explica que a maioria dos itens que estavam na tumba também foi roubado ao longo do tempo.
"Os bens da sepultura devem ter sido muito ricos, o que levou a um roubo de túmulos em grande escala evidenciado pelo grande poço vertical de roubo", explicou o pesquisador, segundo o portal Live Science.
Enquanto identificavam a datação do esqueleto, os arqueólogos perceberam que o homem apresentava ferimentos graves, que sugerem golpes e cortes sequenciais tanto na frente quanto nas costas. Isso pode indicar que ele foi vítima de um assassinato.
Além das lesões observadas nos restos mortais, também foi possível localizar uma espada perto do corpo, possivelmente a arma do crime. Ele foi encontrado em um poço usado por saqueadores, localizado acima das tumbas, em uma tentativa de esconder o corpo.
“O caso indica que a estratégia de esconder os corpos das vítimas em tumbas ou cemitérios existentes como meio de descarte, semelhante a 'esconder uma folha na floresta', vem sendo praticada desde a antiguidade”, escreveram os autores no artigo.
Os especialistas também não acreditam que o homem vítima de assassinato tenha feito parte do time de ladrões de tumbas que levou os artefatos do cemitério anteriormente.
"Concluímos com confiança que a [vítima] não fazia parte da equipe de assalto original com base no fato de que o enchimento do poço vertical de assalto se acumula naturalmente, e a vítima foi encontrada cerca de 4,5 m acima do piso de a câmara mortuária — o que significa que deve ter sido muito tempo após o roubo", explicou Wang.
Embora eles possam concluir que o indivíduo não tenha sido um ladrão de túmulos, mas sim uma vítima de assassinato, os mistérios envolvendo o esqueleto ainda não chegaram ao fim. Afinal, não foi possível entender o porquê o homem foi morto.
É bem provável que ele tenha sido morto por várias pessoas, já que cortes foram vistos tanto na frente quanto nas costas do esqueleto. Além disso, não foi possível determinar se o indivíduo foi morto dentro do cemitério ou apenas nas proximidades.
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