A morte de uma das maiores cantoras da MPB chocou o Brasil na manhã do dia 19 de janeiro de 1982
Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/03/2021, às 08h00
A morte de Elis Regina foi uma das mais chocantes para a sociedade brasileira. Com uma carreira meteórica, a cantora conquistou uma legião de admiradores, que a apreciavam por sua qualidade vocal, presença de palco, personalidade forte e muitas outras qualidades.
Entre os anos de 1960 e 1980, a artista desenvolveu trabalhos que marcaram a música brasileira para sempre, em um espaço que não foi preenchido por mais ninguém. Com 36 discos gravados, ela vendeu quatro milhões de cópias e entrou para a história.
Duas semanas antes de morrer, Elis participou daquela que viria a se tornar sua última entrevista, em que contou detalhes de sua carreira para o apresentador Salomão Esper durante o programa Jogo da Verdade, da TV Cultura.
Como relatado em coluna do F5, a cantora falou sobre a importância dos discos para um artista: “É o único legado, né? A longevidade do disco é uma coisa que pode servir de testemunha de defesa como também pode lascar uma condenação histórica”.
Na manhã do dia 19 de janeiro de 1982, Elis falava com seu namorado e advogado, Samuel Mac Dowell, ao telefone, como relatou o UOL em 2019. Ele percebeu que tinha algo de errado com a cantora e decidiu ir até ao apartamento da artista, que ficava na cidade de São Paulo.
Quando ele chegou ao local, teve que arrombar a porta e notou que a situação era mais grave que o esperado: Elis não tinha histórico de abuso de drogas, mas, ainda assim, estava em uma situação desesperadora, deitada em sua cama completamente imóvel.
Samuel tentou chamar uma ambulância, além de contatar o médico da cantora. No entanto, tudo isso estava demorando demais, então decidiu levá-la para o pronto-socorro mais próximo por meio de um táxi. No caso, este era o do Hospital das Clínicas de São Paulo, que fica no bairro Cerqueira César.
Na biografia da artista, Elis Regina - Nada Será Como Antes (2015), o repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Júlio Maria, narra esse episódio trágico: "Samuel tentava reavivá-la, gritando seu nome e fazendo respiração boca a boca”.
Mais tarde, ele ainda escreve: “Os sinais mostravam que a cantora havia chegado aos seus cuidados tarde demais", em que faz referência à médica que estava atendendo Elis no momento em que ela chegou ao hospital.
O que sabemos hoje é que Elis foi vítima de uma overdose devido a uma mistura de cocaína e álcool, o que fez com que ela falecesse precocemente aos apenas 36 anos. Uma overdose acidental causada pelo consumo de uísque, cocaína e tranquilizantes, que causaram uma parada cardíaca na artista.
Ainda segundo o UOL, na época da morte, porém, pessoas próximas à cantora tentaram contestar a causa da morte atribuída pelo Instituto Médico-Legal (IML) da capital paulista. Mas isso não passou de tentativa.
"Mitos são as versões de que ela teria sido assassinada ou de que teria cometido suicídio. O fato foi que ela consumiu uma quantidade de cocaína com Cinzano. A bebida potencializou o efeito da droga, ela teve uma parada cardíaca e morreu. Não existe polêmica", disse Júlio Maria ao jornal Zero Hora.
Pouco tempo depois da morte de Elis, a notícia se espalhou pelo país, chocando os brasileiros. Muitos fãs, inclusive, acompanharam o velório da cantora, marcando o luto à uma artista que continua sendo um ícone da música brasileira até os dias de hoje.
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