Trechos de vídeos do Tiktok mostrando compostagem humana - Divulgação/ Redes Sociais/ @returnhomenor
Compostagem humana

Os 'funerais verdes' que transformam cadáveres em composto orgânico para adubo

Entenda o processo de compostagem humana oferecido por uma empresa que viralizou no Tiktok recentemente

Ingredi Brunato Publicado em 26/03/2023, às 18h00

No último mês de janeiro, viralizou no Tiktok o vídeo de uma mãe realizando um curioso "funeral verde" para seu filho falecido, uma prática funerária com uma aparência bem diferente daquelas que estamos mais acostumados a ver — como enterros e cremações. 

A gravação, que alcançou 52,4 milhões de curtidas na rede social, é legendada com a frase "Quando seu filho único morre e você se compromete até o final a realizar o desejo dele de ser transformado em adubo". 

Esse ritual diferenciado, conhecido como "terramação" ou simplesmente compostagem humana, promete transformar os restos mortais em um solo rico em nutrientes que pode ser usado para a adubagem.

A publicação, vale mencionar, foi feita pela conta "Return Home Terramation", referente a uma casa funerária dos Estados Unidos que realiza essa alternativa ecológica para a despedida de entes queridos. 

Em outro vídeo viral postado pela conta, esse datado da semana passada, é registrado o momento emocionante em que um jovem tem madeixas de seu cabelo cortadas para serem compostadas junto do corpo de seu melhor amigo recém-falecido. Um dos comentários, que tem 24,3 mil curtidas, resume o conceito através da emblemática frase "uma parte de mim morreu com ele". 

Como funciona 

O corpo do falecido é colocado em um recipiente de metal reutilizável preenchido com materiais orgânicos, como serragem e alfafa, e, durante um período que varia entre 60 e 90 dias, os micróbios que já existem dentro do organismo humano serão estimulados para que ocorra uma compostagem acelerada. 

Em vídeos diferentes da mesma conta do Tiktok, uma das funcionárias do local explica que, após os primeiros 30 dias de compostagem, o material resultante é filtrado a fim de que sejam separados os ossos e partes inorgânicas (como próteses e pinos de metal que as pessoas possam ter dentro de seu corpo). 

Os objetos inorgânicos são reciclados ou, quando isso não é possível, jogados fora. Já os ossos são colocados em uma máquina que os quebra em pedaços menores e então devolvidos ao recipiente de terramação, onde poderão ser consumidos pelos micróbios durante os próximos 30 dias. 

Durante todo este período, os familiares e amigos do morto podem ir até o local para visitar o recipiente, que costuma ser decorado com fotografias de momentos memoráveis. 

Ao fim do processo, a empresa coloca o solo fértil em sacos que, seguindo os desejos de cada famílias enlutada, são ou devolvidos para elas, ou então, usados em um terreno de 8 acres de floresta administrado pela própria Return Home Terramation, conforme explica o site da casa funerária. 

Um detalhe importante de enfatizar aqui, aliás, é que as plantas adubadas com a compostagem humana não são destinadas à alimentação.

Vantagens 

Um dos atrativos da terramação é sua maior conexão com a natureza, com os restos humanos sendo devolvidos ao "lugar de onde vieram", por assim dizer, sendo reintroduzidos no ciclo da vida ao ajudarem a nutrir plantas. 

Outro aspecto importante é a sua maior sustentabilidade. Cemitérios, por exemplo, ocupam um espaço físico que apenas tende a crescer à medida que mais e mais enterros acontecem. 

Já a cremação — prática em que cadáveres incinerados e tem suas cinzas depositadas em urnas funerárias — possui um grande gasto energético. De acordo com informações repercutidas pela revista Veja, cada incineração consome o equivalente a 800 mil barris de combustível. 

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