Hans Christian Andersen escreveu a história como um recado para seu amor não correspondido. Entenda o que Walt Disney não revelou
Joseane Pereira Publicado em 24/08/2019, às 08h00
A versão de A Pequena Sereia que todos nós conhecemos tem um final muito feliz. Adaptada por Walt Disney em 1985, a história de amor entre a sereia Ariel e o príncipe Eric termina com os dois vivendo felizes para sempre. Mas no conto original, escrito por Hans Christian Andersen, a sereia não termina junto do seu amado: o autor escreveu a história com base no amor não correspondido que sentia por outro homem.
Origens do conto
Na verdadeira história, a jovem sereia se apaixona pelo príncipe após salvá-lo de um afogamento. Aflita, ela pede à bruxa do mar que lhe conceda pernas para encontrar seu amado, em troca de sua bela voz. Mas, caso não fosse correspondida, ela morreria se dissolvendo nas águas do mar. Seu final é trágico: o príncipe acaba se casando com outra princesa, partindo o coração da bela sereia e selando seu destino.
Em 1837, quando elaborou essa história, o dinamarquês Andersen queria ilustrar sua tentativa fracassada de conquistar um heterossexual chamado Edvard Collin. O autor, que segundo biógrafos era bissexual, escrevera o conto de fadas após seu amado Collin decidir se casar com uma mulher.
Em uma carta que escreveu para Collin, ele afirmava: "A feminilidade da minha natureza e a nossa amizade devem permanecer um mistério". Mas, infelizmente, o amigo não se sentia atraído sexualmente por ele. Em suas próprias memórias, Collin deixou registrado: "Eu me encontrei incapaz de responder a esse amor, e isso causou muito sofrimento ao autor".
Como a triste sereia, Andersen parecia ansiar por fazer parte do mundo de Collin. E escreveu a história com o objetivo de mandar um recado para o amigo. Segundo o crítico de história literária e cultural Rictor Norton e autor de Meu Querido Garoto: Cartas de amor gays ao longo dos séculos, “no conto de fadas escrito para Collin, Andersen se apresenta como o forasteiro sexual que perdeu seu príncipe para outro”.
Esse não foi o único problema amoroso de Andersen: ele teria se apaixonado por muitas mulheres que considerava inatingíveis e, segundo registros pessoais, sua vida sexual não era nada ativa. Quem sabe os outros contos do autor não revelem também seus conflitos de amor.
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