A descoberta da caverna repleta de crânios assustou as autoridades mexicanas, mas a explicação, felizmente, não envolvia um serial killer
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/05/2022, às 09h00
Recentemente, o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) anunciou ter achado um misterioso altar de crânios humanos em uma caverna do estado mexicano de Chiapas, que faz fronteira com a Guatemala.
O local, contudo, foi descoberto pelas autoridades do país uma década atrás, em 2012. Na época, as autoridades do país encararam aquelas centenas de fragmentos de restos mortais como evidência de um crime. A violência e o tráfico de pessoas, por exemplo, eram problemas que estavam ocorrendo naquela região.
Não demorou, porém, para que a polícia mexicana percebesse, provavelmente com alívio, que havia interpretado errado o que encontraram naquela gruta: os ossos datavam, na verdade, do período pré-colombiano.
Ou seja, eles pertenciam ao período que se estendeu desde quase 2 mil anos antes de Cristo (época do desenvolvimento da civilização maia) até a primeira metade do século 15.
O INAH ficou encarregado de analisar a descoberta durante a última década, e divulgou algumas de suas hipóteses ao público no dia 27 de abril.
Como os restos mortais presentes na caverna de Chiapas não traziam esqueletos completos, consistindo principalmente de crânios, os especialistas acreditam que o achado um dia foi um "tzompantli".
A estrutura de caráter tradicional pode ser explicada como uma espécie de estante usada para a exibição de crânios, que, nesse contexto, são tratados como troféus.
A ação do tempo, contudo, poderia ter desmontado o tzompantli que havia ali, conforme explicado pelo antropólogo Javier Montes da Paz e repercutido pelo National Geographic:
Muitas dessas estruturas eram feitas de madeira, um material que desapareceria com o tempo e poderia ter feito todos os crânios caírem”, relatou ele.
Os tzompantlis foram construídos por mais de uma civilização mesoamericana, e, em geral, os indivíduos cujos ossos terminavam no altar costumavam ser prisioneiros de guerra ou vítimas de sacrifício.
“Ainda que não tenhamos o cálculo exato de quantos ossos há, dados que alguns estão muito fragmentados, até este momento podemos falar de aproximadamente 150 crânios”, afirmou Javier ainda.
De acordo com as informações do INAH, os ossos eram majoritariamente pertencentes a adultos, e havia mais vítimas mulheres do que homens.
Outro detalhe curioso é que todos os crânios da gruta tiveram seus dentes arrancados, uma prática que já foi documentada antes.
Um exemplo é uma caverna também em Chiapas, essa explorada ainda durante a década de 80, onde foi encontrado um altar semelhante de vítimas desdentadas, de forma que um padrão se delinea, também segundo o National Geographic.
Ainda não está claro, todavia, se eles foram arrancados antes ou depois da morte de seus donos. A resposta para essa e outras perguntas será buscada pelos próximos passos da pesquisa, que incluirão uma exploração mais cuidadosa dos vestígios históricos da gruta.
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